Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em forte queda nesta quarta-feira pós-feriado, mais uma vez pressionado por preocupações sobre o potencial desfecho envolvendo a PEC da Transição e rumores ligados à equipe econômica do governo eleito.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 2,58%, a 110.243,33 pontos. No pior momento, chegou a 109.512,22 pontos (-3,49%).
O giro financeiro foi elevado, somando 51 bilhões de reais, em dia marcado pelo vencimento de opções sobre o Ibovespa. Na sexta-feira, expiram contratos de opções sobre ações.
Na visão do analista Leonardo Santana, da casa de análise Top Gain, prevaleceu o viés negativo no exterior, mas os negócios também refletiram riscos internos, principalmente a perspectiva de romper o teto dos gastos já no começo do ano.
O mercado espera pelo texto da chamada PEC da Transição, que aumenta o espaço para gastos públicos no próximo ano e deve ser apresentado oficialmente nesta quarta-feira.
Uma das possibilidades discutidas é a de criar uma exceção por quatro anos no teto de gastos para pagamento do Bolsa Família no valor de 600 reais a partir de 2023. Em outra, a previsão é ficar fora do teto permanentemente.
O mercado também espera pela definição do ministro da Fazenda do governo eleito, com os nomes que têm sido ventilados após a eleição - como o do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad - repercutindo negativamente.
Fontes ouvidas pela Reuters afirmaram que a decisão final sobre a Fazenda não foi tomada, mas que Haddad está sendo visto como favorito de Lula. O presidente-eleito, porém, tem mandado avisar que só pretende anunciar nomes em dezembro.
Para o gestor Werner Roger, sócio-fundador da Trígono Capital, preocupam as promessas de cunho social sem definir a fonte de recursos, enquanto também há falta de definição da equipe econômica de Lula.
No exterior, o S&P 500 caiu após uma perspectiva sombria da Target alimentar novas preocupações sobre varejistas pouco antes da crucial temporada de fim de ano, enquanto ações de semicondutores recuaram após o corte de oferta da Micron.
Destaques
- AMERICANAS ON (BVMF:AMER3) caiu 9,81%, a 11,31 reais, em sessão de correção em e-commerce, após uma sessão positiva na última segunda-feira. MAGAZINE LUIZA ON (BVMF:MGLU3) recuou 8,01% e VIA ON (BVMF:VIIA3) fechou com declínio de 6,69%.
- LOCALIZA ON (BVMF:RENT3) recuou 7,34%, a 60,59 reais, após divulgar no final da segunda-feira lucro abaixo do esperado no mercado. Em comentários nesta quarta, executivos sinalizaram manter foco em rejuvenescimento de frota e que seguem estudando pesados.
- MINERVA ON (BVMF:BEEF3) perdeu 9,27%, a 13,51 reais, na ponta de baixa do índice, com pares também no vermelho. MARFRIG ON (BVMF:MRFG3) recuou 6,8% e JBS ON (BVMF:JBSS3) caiu 4,57%.
- EMBRAER ON (BVMF:EMBR3) disparou 9,94%, a 14,38 reais, reagindo com força ao tombo de mais de 6% no pregão anterior, na sequência da divulgação do balanço do terceiro trimestre.
- VALE ON (BVMF:VALE3) cedeu 1,04%, a 82,44 reais, após subir a 84,77 reais mais cedo. Na China, o contrato de minério de ferro mais negociado na Dalian Commodity Exchange encerrou o comércio diurno com alta de 2,2%.
- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) recuou 1,99%, a 27,15 reais, em meio ao declínio dos preços do petróleo Brent e ainda vulnerável a expectativas sobre o próximo governo e os reflexos na estratégia da petrolífera de controle estatal.
- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) caiu 1,43%, a 26,27 reais, e BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) subiu 0,33%, a 15,21 reais, com BTG PACTUAL (BVMF:BPAC11) UNIT respondendo pelo pior desempenho entre os bancos do Ibovespa, com queda de 5,25%.
- NU (BVMF:NUBR33)(NYSE:NU) cedeu 2,65%, a 4,78 dólares, em Nova York, mesmo após reportar no final da segunda-feira resultado acima das expectativas, com aumento na base de clientes e nas receitas, enquanto as despesas ficaram estáveis.