Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A bolsa paulista fechou com o Ibovespa em queda de 2,5 por cento nesta segunda-feira, em meio a um noticiário externo desfavorável, com apreensões principalmente sobre o crescimento econômico global minando o sentimento de investidores e endossando redução de exposição a risco em mercados emergentes.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 2,5 por cento, a 85.914,71 pontos, na mínima da sessão. O giro financeiro somou 12,4 bilhões de reais.
A sessão começou com a repercussão de dados mais fracos do comércio exterior chinês e teve ainda renúncia do titular da autoridade monetária na Índia, adiamento da votação do acordo do Brexit no Parlamento britânico e o presidente francês decretando estado de urgência econômica e social no país.
"Não se trata apenas do Brexit, do conflito sobre orçamento Itália-UE e da tensão comercial China-EUA", afirmou no Twitter (NYSE:TWTR) Mohamed A. El-Erian, conselheiro econômico chefe na Allianz (DE:ALVG).
"A renúncia do presidente do banco central da Índia e a reviravolta política do presidente da França, (Emmanuel) Macron, são mais indicações de até que ponto a política está impactando os mercados e a economia", afirmou.
Em Wall Street, o índice acionário S&P 500 cedia 0,11 por cento no final do pregão, apoiado na recuperação de alguns papéis de tecnologia, após recuar 1,9 por cento no pior momento. O ETF iShares MSCI (NYSE:EEM) de mercados emergentes, por sua vez, caía mais de 1 por cento.
"O mercado parece bem frágil nesse fim de ano", disse o gestor de portfólio de uma gestora de recursos em São Paulo.
Após um ano de fortes ganhos na bolsa paulista, principalmente no período próximo das eleições e com forte participação de investidores locais, profissionais do mercado também consideram ser razoável que fundos reduzam posições mais otimistas diante de uma piora nos mercados externos.
Mesmo com a queda nesta sessão, o Ibovespa ainda acumula alta de 12,45 por cento em moeda local. Em dólar, contudo, alcança declínio de quase 5 por cento. Papéis como as preferenciais da Petrobras, por sua vez, sobem mais de 45 por cento no ano em real e mais de 20 por cento em dólar.
DESTAQUES
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) caiu 5,37 por cento, com o declínio de cerca de 3 por cento nos preços do petróleo ditando realização de lucros nos papéis. O noticiário envolvendo a companhia incluiu início de fase não vinculante para venda de 3 campos terrestres no Espírito Santo e um vazamento de petróleo na Baía de Guanabara no sábado, após uma tentativa de furto em oleoduto da subsidiária Transpetro.
- ITAÚ UNIBANCO PN (SA:ITUB4) recuou 2,67 por cento, em meio à piora do apetite a risco generalizada, com BRADESCO PN (SA:BBDC4) fechando em baixa de 1,93 por cento.
- VALE (SA:VALE3) encerrou em baixa de 2,13 por cento, alinhada ao desempenho de suas pares na Europa, além da queda dos preços do minério de ferro na China.
- GOL (SA:GOLL4) PN desabou 7,12 por cento, com a alta do dólar ante o real endossando embolso de lucro dos papéis, que ainda contabilizam ganho ao redor de 25 por cento em 2018.
- EMBRAER (SA:EMBR3) avançou 2 por cento, tendo no radar decisão judicial revogando liminar que impedia a companhia de vender o controle de sua divisão de aviação comercial para a norte-americana Boeing, acolhendo recurso da Advocacia-Geral da União (AGU).
- CYRELA subiu 1,69 por cento, entre as poucas altas da sessão e engatando o quarto pregão seguido de ganhos, em meio a perspectivas mais positivas para o setor de construtoras voltadas para a média e alta renda, com analistas destacando a companhia como uma das com melhor prognóstico.