O que está por vir para o comércio EUA-Brasil? Especialista responde
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa oscilava pouco nesta sexta-feira, após uma semana de sobe e desce, refletindo ajustes técnicos e preocupações sobre os reflexos econômicos de tarifas comerciais dos Estados Unidos para produtos brasileiros que caminham para entrar em vigor em 1º de agosto.
Por volta de 11h, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, tinha variação positiva de 0,06%, a 133.888,67 pontos, com o desempenho na semana mostrando um acréscimo de apenas 0,37%, enquanto no mês a queda alcança 3,58%.
O volume financeiro, que tem ficado abaixo da média do mês nos últimos pregões, somava R$2,36 bilhões nesta sessão.
"Após intensas negociações, vários países conseguiram chegar a um acordo com o governo americano... O Brasil parece ter simplesmente sido abandonado pelo governo americano", observou o economista-chefe da Genial Investimentos, José Márcio Camargo, em relatório enviado a clientes nesta sexta-feira.
"A impressão é que nenhuma negociação será feita o que significaria que, na melhor das hipóteses, a tarifa de 50% entrará em vigor em 1º de agosto, como prometido", afirmou referindo-se à taxa anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no começo do mês.
"O risco é que o presidente Trump dobre a aposta contra o Brasil, uma atitude similar à que adotou contra a China quando as tarifas foram inicialmente anunciadas", acrescentou,
O último pregão da semana também trazia a divulgação do IPCA-15, que acelerou a alta em julho para 0,33%, de 0,26% em junho, afetado pela energia elétrica, apesar de nova queda nos alimentos. Pesquisa da Reuters mostrava expectativa de avanço de 0,30% no mês.
De acordo com economistas do Bradesco, embora o dado tenha ficado um pouco acima do esperado, a composição do IPCA-15 foi melhor, com passagens aéreas e outros itens voláteis adicionando pressão à parte de serviços.
"No segmento de bens industriais seguimos observando um comportamento benigno e a alimentação continua mostrando queda. Ganhamos maior confiança no nosso cenário de desaceleração econômica à frente -- o que deve se refletir em uma inflação arrefecendo ao longo do final deste ano e durante 2026."
DESTAQUES
- VALE ON (BVMF:VALE3) caía 1,29%, acompanhando os futuros do minério de ferro na China, onde o contrato de mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China
- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) avançava 0,88% e BANCO DO BRASIL ON (BVMF:BBAS3) subia 1,4%, oferecendo um contrapeso positivo relevante ao Ibovespa, enquanto BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) tinha variação positiva de apenas 0,06% e SANTANDER BRASIL UNIT (BVMF:SANB11) mostrava acréscimo de 0,19%. Bradesco e Santander Brasil divulgam seus balanços trimestrais na próxima semana.
- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) avançava 0,09%, em dia de fraqueza dos preços do petróleo no exterior. O barril de Brent, usado como referência pela estatal, cedia 0,13%, a US$69,09.
- YDUQS ON (BVMF:YDUQ3) recuava 4%, após anunciar uma "reorganização estratégica" em seu comando executivo, que incluiu a nomeação do atual diretor financeiro, Rossano Marques, para o cargo de diretor-presidente no lugar de Eduardo Parente, que irá para o conselho de administração.
- USIMINAS PNA (BVMF:USIM5) perdia 2,57%, tendo no radar balanço do segundo trimestre, com lucro de R$128 milhões, revertendo prejuízo de R$100 milhões um ano antes. A companhia também estimou investimentos de R$1,2 bilhão a R$1,4 bilhão em 2025 e o seu conselho de administração aprovou investimento de cerca de R$1,7 bilhão para modernização e reconstrução parcial da Bateria 4 da Coqueria 2 da Usina de Ipatinga.