Dólar avança no Brasil com mercado de olho no exterior e em fala de Haddad
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa recuava nesta terça-feira, em meio à alta nas taxas dos contratos de DI após declarações do ministro da Fazenda sobre proposta de tarifa zero no transporte público, enquanto MRV&Co recuava mais de 8% com a repercussão da prévia operacional do terceiro trimestre.
Por volta de 10h50, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, cedia 1,17%, a 141.933,07 pontos. O volume financeiro somava R$2,97 bilhões.
Fernando Haddad afirmou em entrevista à Record na noite da véspera que a proposta de tarifa zero no transporte público deve integrar a campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026 e que um estudo técnico sobre a viabilidade da medida está em andamento.
Ao programa Bom Dia, Ministro, do CanalGov, nesta terça-feira, ao ser questionado sobre o assunto, afirmou que o governo quer levantar alternativas para melhorar o transporte urbano.
"Tem vários estudos que estão sendo recuperados pela Fazenda para verificar se existem outras formas mais adequadas de financiar o setor, mas estamos neste momento fazendo uma grande radiografia", disse.
Os comentários reavivaram preocupações da semana passada com potenciais medidas visando a eleição em 2026 que possam ter efeito negativo nas contas públicas do país.
No contexto fiscal, agentes financeiros também acompanham as negociações envolvendo a medida provisória que altera a taxação de aplicações financeiras para compensar a revogação do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que perderá validade se não for votada até a quarta-feira.
Em paralelo, na visão da Ágora Investimentos, o cenário externo também segue sem oferecer uma direção clara para os ativos locais nesta terça-feira, o que tende a manter os investidores cautelosos.
DESTAQUES
- MRV&Co ON caía 8,36%, após reportar geração de caixa ajustada de R$30 milhões para divisão MRV Incorporação, em desempenho prejudicado pelo atraso gerado nos repasses de recursos de programas regionais de habitação. A MRV Incorporação também registrou queda em vendas e lançamentos.
- CBA ON subia 2,52%, tendo no radar notícia publicada pela Reuters de que a Emirates Global Aluminium (EGA), sediada nos Emirados Árabes Unidos, está explorando uma aquisição da companhia.
- NATURA ON recuava 3,03%, pressionada pelo movimento na curva de juros, que afetava também AZZAS 2154 ON, negociada em baixa de 2,75%, e C&A MODAS ON, com declínio de 2,27%. O índice de consumo da B3 mostrava queda de 1,63%.
- RAÍZEN PN perdia 4,12%, renovando mínima histórica, dado o movimento no DI em meio a preocupações no mercado sobre o nível de endividamento da companhia, uma joint venture entre Cosan e Shell.
- ITAÚ UNIBANCO PN cedia 1,38%, com o setor como um todo pressionado. BRADESCO PN caía 1,53%, SANTANDER BRASIL UNIT mostrava baixa de 1,5% e BANCO DO BRASIL ON recuava 0,75%.
- PETROBRAS PN era negociada com recuo de 0,52%, acompanhando a fraqueza do petróleo no exterior, onde o barril sob o contrato Brent cedia 0,24%.
- VALE ON recuava 0,4%, acompanhando o movimento mais vendedor na bolsa paulista, ainda sem o referencial da China por feriado naquele país.
- GPA ON avançava 0,76%, entre as poucas altas do Ibovespa, um dia após assembleia de acionistas eleger um novo conselho de administração para o varejista. A eleição das cadeiras de presidente e vice-presidente do conselho se dará na primeira reunião do colegiado em data ainda a ser marcada.