Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa recuava nesta sexta-feira, ainda refletindo alguns ajustes pós-Copom, tendo como pano de fundo um cenário externo desfavorável a ativos de risco, em meio a preocupações com o ritmo da atividade econômica global após dados na Europa e sinalizações do chair do Federal Reserve.
Às 11:16, o Ibovespa caía 0,3%, a 118.573,57 pontos, ameaçando acumular a primeira perda semanal desde a semana encerrada em 21 de abril. Até o momento, contabiliza variação negativa de 0,15%. Em junho, ainda acumula um ganho de 9,45%. O volume financeiro somava 7,2 bilhões de reais.
Análise técnica do Itaú BBA afirma que o Ibovespa testou na véspera o suporte em 118.300 pontos, que se perder iniciará um movimento de realização, com suportes em 116.300, 114.200 e 111.600 pontos, conforme relatório enviado a clientes.
Eles ressaltaram, contudo, que apesar da queda na véspera, o Ibovespa encontra dificuldades em iniciar uma realização de lucros. "Por enquanto, seguimos com o cenário de mercado firme. Se conseguir superar os 121.600 pontos, abrirá espaço para avaliarmos a busca do topo histórico em 131.200 pontos."
No exterior, números nesta sexta-feira mostraram que a retração na indústria na zona do euro se aprofundou, enquanto a atividade de serviços do bloco mal expandiu, após, na semana, chair do Federal Reserve reiterar sua visão de que mais aumentos de juros nos Estados Unidos são prováveis nos próximos meses.
Para a Guide Investimentos, após fortes ganhos nos mercados acionários na primeira metade do ano, a expectativa de juros mais altos nas economias centrais e, principalmente, a incerteza sobre os impactos de uma política monetária contracionista nos EUA, levavam investidores a buscar maior segurança.
Em Wall Street, o S&P 500 recuava 0,6%.
DESTAQUES
- YDUQS ON (BVMF:YDUQ3) caía 8,14%, a 18,4 reais, em meio a movimento de realização de lucros, uma vez que acumulava até a véspera alta de mais de 40% em junho. De pano de fundo, relatório do JPMorgan (NYSE:JPM) cortando a recomendação das ações para "neutra" e citando o forte "re-rating" dos papéis nos últimos meses, embora tenha elevado preço-alvo de 15 para 21 reais. No setor, COGNA ON (BVMF:COGN3) perdia 2,46%.
- CVC (BVMF:CVCB3) BRASIL ON mostrava declínio de 5,48%, a 3,62 reais, após precificar oferta de ações a 3,30 reais por papel, em operação que movimentou 550 milhões de reais. O preço fixado no follow-on representou um desconto de 13,8% em relação à cotação do fechamento de quinta-feira, de 3,83 reais. Os recursos serão usados para aquisição de determinadas debêntures, além de reforço do capital de giro e melhoria da estrutura de capital.
- BRASKEM PNA (BVMF:BRKM5) cedia 1,87%, a 28,31 reais, em mais um dia de correção após forte valorização recente com especulações sobre a esperada venda da participação da Novonor na petroquímia. O Citi cortou a recomendação dos papéis para "neutra/alto risco", com preço-alvo de 29 reais, citando percepção de riscos mais elevados para a tese de investimentos, além de não enxergar gatilhos de curto prazo que levem o valuation da empresa para um próximo patamar.
- SLC AGRÍCOLA ON avançava 4,97%, a 38,21 reais, após divulgar na véspera que as suas terras foram avaliadas neste ano em 10,92 bilhões de reais, ante avaliação de 9,35 bilhões de reais em 2022. A empresa, uma das maiores produtoras de grãos e oleaginosas do Brasil, disse ainda que adquiriu neste ano mais de 12 mil hectares de terras agricultáveis em São Desidério, no Estado da Bahia, por 470 milhões de reais.
- ASSAÍ ON subia 3,97%, a 13,89 reais, em sessão marcada por block trade de ações da rede de atacado de autosserviço para a saída da rede francesa Casino de seu quadro de acionistas. A operação prevê a alienação de fatia de 11,67% do capital total do Assai, ao preço de 12,68 reais por papel. Analistas veem positivamente a saída do Casino, embora esperada, considerando que deve ajudar a companhia a voltar o foco de atenções para tendências operacionais em um momento mais desafiador no setor.
- CPFL (BVMF:CPFE3) ENERGIA ON valorizava-se 6,21%, a 33,69 reais, em sessão positiva para empresas de energia elétrica, com o índice do setor em alta de 1,96%. No noticiário, o Ministério de Minas e Energia autorizou a abertura de consulta púbica para o processo de prorrogação de concessões vincendas de distribuição de energia elétrica, que deve contemplar 20 distribuidoras com vencimentos entre 2025 e 2031.
- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) recuava 1,59%, a 30,95 reais, acompanhando o declínio do petróleo no exterior. O presidente do BNDES afirmou na véspera que o banco e a companhia estão trabalhando juntos na análise de uma eventual opção da petroleira estatal para adquirir participação da Novonor na Braskem, e aguardam orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o assunto. A Petrobras também disse que segue explorando possibilidades de negócios com Unigel.
- VALE ON (BVMF:VALE3) perdia 1,56%, a 65,53 reais, também sofrendo com o movimento de ajustes na bolsa e tendo no radar as preocupações com o ritmo da atividade econômica no mundo.
- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) caía 0,28%, a 28,68 reais, e BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) perdia 0,83%, a 16,66 reais.