Por Gabriela Mello
SÃO PAULO (Reuters) - O mercado acionário brasileiro oscilava em torno da estabilidade nesta sexta-feira, depois de renovar máximas e encostar nos 90 mil pontos na véspera, com os investidores aproveitando o último pregão do mês para ajustar as suas carteiras, enquanto no exterior prevalecia um sentimento de cautela antes da reunião do G20 na Argentina.
Às 11:43, o Ibovespa (BVSP) subia 0,08 por cento, a 89.783,58 pontos. O giro financeiro somava 1,95 bilhão de reais.
Na quinta-feira, o indicador registrou uma nova máxima de fechamento, a 89.709,56 pontos, apoiado em um maior apetite global a risco.
"Hoje é fechamento de mês, então tem um pouco de realização de lucros e também ajustes nas carteiras", disse o gerente de renda variável da H.Commcor Ari Santos, citando ainda o rebalanceamento do índice MSCI de ações de mercados emergentes.
De acordo com ele, investidores no Brasil estão em compasso de espera, aguardando a votação da cessão onerosa e monitorando o debate entre as equipes do atual e do próximo governo sobre o tema.
Havia expectativa de que o projeto de lei fosse votado ainda nesta semana no Senado, mas as negociações sobre como se daria o repasse a Estados e municípios dos recursos obtidos com eventual leilão do petróleo excedente da área do pré-sal continuam.
Ainda no front doméstico, os agentes do mercado digeriam nesta sexta-feira os dados do IBGE sobre o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, cujo crescimento acelerou para 0,8 por cento no terceiro trimestre em relação ao segundo, quando houve alta de 0,2 por cento. [nEMNIBK0S7]
Também no radar estavam as articulações da equipe de transição do presidente eleito para a tão aguardada reforma da previdência. Na véspera, Jair Bolsonaro disse que entregaria uma proposta no início do mandato e que ela seria diferente da apresentada por Michel Temer.
No exterior, a cautela permeava as negociações antes da cúpula do G20 em Buenos Aires, na Argentina. O foco será o encontro entre os presidentes dos EUA, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, que pode ditar os rumos do embate comercial entre as duas maiores economias do mundo.
DESTAQUES
- SUZANO PAPEL E CELULOSE (SA:SUZB3) ganhava 3,5 por cento, tendo o melhor desempenho do Ibovespa, após a companhia anunciar o cronograma para conclusão da fusão com a Fibria (SA:FIBR3), na esteira do aval concedido pelo órgão antitruste da União Europeia. Em relatório, a Guide Investimentos considerou os desdobramentos positivos, reiterando recomendação de compra para Suzano, dado o "ciclo ainda positivo para os preços da celulose em 2019", além das sinergias oriundas da incorporação da Fibria. [nL2N1Y50IC]
- VALE (SA:VALE3) subia 0,65 por cento, acompanhando o avanço dos preços do minério de ferro na China, em dia também positivo para as siderúrgicas. USIMINAS PNA (SA:USIM5) se valorizava 3,12 por cento, ocupando a segunda posição na lista de maiores altas do índice, enquanto GERDAU PN (SA:GGBR4) tinha ganho de 0,5 por cento e CSN (SA:CSNA3) acréscimo de 1 por cento.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) ganhava 0,4 por cento e PETROBRAS ON (SA:PETR3) subia 0,3 por cento, contrariando o recuo das cotações do petróleo lá fora e tendo no radar o noticiário sobre as negociações para votação do projeto de lei da cessão onerosa.
- ITAÚ UNIBANCO (SA:ITUB4) tinha alta de 0,6 por cento e BRADESCO PN (SA:BBDC4) tinha oscilação positiva de 0,03 por cento, ajudando na ponta positiva do Ibovespa, dado o peso desses papéis em sua composição. Na contramão, BANCO DO BRASIL ON (SA:BBAS3) cedia 0,4 por cento e SANTANDER UNIT (SA:SANB11) perdia 0,2 por cento.
- ELETROBRAS PNB (SA:ELET6) recuava 3,9 por cento e ELETROBRAS ON (SA:ELET3) caía 4,1 por cento, entre os destaques negativos do índice, com as atenções voltadas ao processo de venda de distribuidoras da elétrica. Na quinta-feira, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liminar que revoga decisão anterior que impedia a venda da Ceal, no Alagoas, segundo documento obtido pela Reuters. [nL2N1Y50BD]
- CCR ON (SA:CCRO3) perdia 2,3 por cento, também entre os piores desempenhos, devolvendo parte dos ganhos obtidos na véspera, quando saltou mais de 11 por cento na esteira do acordo com o Ministério Público de São Paulo para encerrar inquérito envolvendo caixa 2.