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Ibovespa sobe 0,52%, a 103,8 mil pontos, mas cede 1,83% na semana

Publicado 04.03.2023, 05:00
© Reuters Ibovespa sobe 0,52%, a 103,8 mil pontos, mas cede 1,83% na semana
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Ante o menor nível de fechamento do ano, ontem, o Ibovespa obteve nesta sexta-feira, 3, recuperação de 0,52%, aos 103.865,99 pontos, vindo de perdas nas últimas cinco sessões, no que foi sua mais longa série negativa desde outubro. O desempenho desta sexta-feira limitou o recuo da semana a 1,83%, após tombo de 3,09% acumulado na anterior. Após recuperação em sessões desta semana, o giro voltou a se enfraquecer hoje, a R$ 21,8 bilhões. No ano, o Ibovespa cede 5,35% e, nestas três sessões de março, cai 1,02%.

Hoje, a referência da B3 (BVMF:B3SA3) oscilou entre 103.322,71 e 104.440,12 pontos, em variação de pouco mais de 1,1 mil pontos entre a mínima e a máxima do dia, saindo de abertura a 103.325,61 pontos. Em Nova York, os ganhos nesta sexta-feira ficaram entre 1,17% (Dow Jones) e 1,97% (Nasdaq), com altas na semana entre 1,75% (Dow Jones) e 2,58% (Nasdaq). O índice amplo de Nova York, S&P 500, subiu hoje 1,61% e avançou 1,90% na semana.

Na ponta do Ibovespa nesta sexta-feira, destaque para Marfrig (BVMF:MRFG3) (+7,27%), após a confirmação de que o caso de vaca louca identificado no Brasil é atípico, o que abre caminho para a retomada das exportações de carne para a China. Logo depois, vieram Azul (BVMF:AZUL4) (+6,63%), Méliuz (BVMF:CASH3) (+6,17%) e 3R Petroleum (BVMF:RRRP3) (+4,89%) entre as vencedoras do dia. No lado oposto, Hapvida (BVMF:HAPV3) (-8,22%), Via (BVMF:VIIA3)(-4,92%) e Multiplan (BVMF:MULT3) (-4,63%).

Entre as blue chips, o sinal foi em geral positivo na sessão, com destaque para recuperação parcial em Petrobras (BVMF:PETR4) (ON +3,65%, PN +4,30%), que ainda assim cedeu 2,03% (ON) e 1,04% (PN) na semana, em meio à confirmação de que a política de preços mudará para se adequar a necessidades domésticas, o que tende a afetar a rentabilidade da empresa e a distribuição de dividendos. Vale ON (BVMF:VALE3) fechou o dia em leve alta de 0,34%, acumulando ganho de 5,01% na semana, com a melhora na perspectiva para a demanda chinesa, após forte leitura do índice de atividade PMI do país asiático esta semana.

Para o segmento de bancos, a semana foi amplamente negativa, mas alguns nomes conseguiram aparar perdas do intervalo nesta sessão, com Banco do Brasil (BVMF:BBAS3) ON hoje em alta de 1,12%, Bradesco (BVMF:BBDC4) PN, de 0,55%, e Itaú (BVMF:ITUB4) PN, de 0,12% - na semana, a primeira recuou 6,50%, a segunda ação, 3,16%, e a terceira, 5,61%, com as quedas entre os grandes bancos no período chegando a 7,48% para a Unit de Santander Brasil (BVMF:SANB11).

"O Ibovespa continua muito descontado. O mercado está 'short', vendido, fazendo caixa. E qualquer movimento técnico, de reduzir caixa e olhar alguma oportunidade (de compra), acaba tendo um efeito exponencial, na medida em que o mercado está muito leve", diz Cesar Mikail, gestor de renda variável da Western Asset. Ele destaca o papel que o arcabouço fiscal, prometido pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) para março, poderá ter para a recuperação da confiança, caso se mostre "crível", o que abriria caminho também para que o Banco Central inicie a redução de juros - em condições técnicas, não por pressão política, ressalta o gestor.

"Incerteza resulta em volatilidade e descolamento do Brasil. Tem muitos do governo falando ao mesmo tempo e o mercado para e ouve cada um deles", diz Mikail. "É preciso descer do palanque, entender que o mercado é a soma de todas as pessoas que poupam, que pensam no futuro e precisam de alguma previsibilidade sobre regras. Taxar exportações (de petróleo bruto, anunciada nesta semana por quatro meses) vai contra isso, e faz lembrar a Argentina. Uma empresa que investe para e pensa sobre qual setor pode ser o próximo", acrescenta o gestor, destacando os sinais de "heterodoxia" que prevaleceram nesta semana na solução dada pelo governo à reoneração dos combustíveis, de forma a que Haddad não saísse na condição de perdedor vis-à-vis a ala política.

"O momento não é bom e isso tem se refletido nos índices de confiança. A espera é pela âncora fiscal crível - e se não vier com credibilidade, o mercado vai estressar. Quando se pressiona o BC para baixar juro na marra, o juro longo abre e mata o mercado: aumenta o risco, a inflação anda e se exige mais prêmio. O ponto-chave ainda é a confiança que se tem na autoridade monetária", conclui.

"Hoje, o Ibovespa conseguiu acompanhar o bom desempenho dos mercados lá fora, com indicadores positivos especialmente na China, mas também na Europa e nos Estados Unidos", diz Lucas Martins, especialista em renda variável da Blue3, destacando, na zona do euro, o PMI composto (indústria + serviços) no maior nível em oito meses. "Apesar dos atritos entre BC e governo, que impedem um avanço mais forte dos ativos brasileiros, os setores de comércio e alimentos subiram hoje, assim como as ações de petróleo e gás, inclusive as 'petro juniores', o que contribuiu para fôlego adicional no índice em um dia sem tantas novidades no mercado local", acrescenta.

A grande maioria (75%) dos participantes do Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira prevê estabilidade para o comportamento do Ibovespa na próxima semana, porcentual bem acima dos 57,14% registrados no levantamento da semana passada. Os grupos que esperam alta e queda têm, cada um, fatia de 12,50%. No último Termômetro, a expectativa de alta para a Bolsa nesta semana tinha 28,57% do universo e a de baixa, 14,29%.

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