Ibovespa sobe liderado por salto em Hapvida e com ata do BC em foco

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Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa avançava nesta terça-feira, recuperando o patamar de 100 mil pontos, com Hapvida disparando quase 20% após anunciar venda de imóveis e contratar bancos para potencial oferta primária de ações, enquanto agentes financeiros também analisam a ata da última reunião de política monetária do Banco Central.

Às 11:15, o Ibovespa subia 1,28 %, a 100.943,8 pontos, buscando o terceiro pregão seguido de alta. O volume financeiro somava 4,38 bilhões de reais.

Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), quando a Selic foi mantida em 13,75% e o comunicado que acompanhou a decisão esfriou expectativas de um corte em breve, o BC afirmou que o arcabouço fiscal impacta inflação indiretamente e defendeu o foco em expectativas.

Na visão do estrategista e sócio na Laic Asset Management, Vitor Carvalho, o BC tentou mostrar ao mercado que não se pauta pelo fiscal exclusivamente, mas que isso tem sim peso na formação de taxa de juro neutra que acaba condicionando o patamar da Selic. "Achei a ata bem 'hawkish'", acrescentou.

Para o Goldman Sachs (NYSE:GS), não há sinais de cortes de juros no curto prazo. "Apesar da intensa pressão política, o Copom parece totalmente focado na busca de restabelecer as expectativas de inflação e no cumprimento de seu mandato fundamental de levar a inflação ao redor da meta por um período de tempo razoável."

Em relatório, Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica para América Latina do banco norte-americano, disse que, "dada a persistente incerteza da política fiscal e a deterioração das micropolíticas, a política monetária é, neste momento, a única âncora de macropolítica credível no sistema".

O adiamento de uma viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva endossava expectativas de um anúncio mais cedo do que se esperava sobre a nova regra fiscal. Na véspera, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que ainda não há uma data definida para a apresentação do novo arcabouço.

Em Wall Street, o S&P 500 tinha oscilação modesta, após três altas seguidas.

DESTAQUES

- HAPVIDA ON (BVMF:HAPV3) disparava 18,92%, a 2,64 reais, após anunciar a venda de 10 imóveis de controladas da companhia por 1,25 bilhão de reais para a família Pinheiro (LPAR), controladora da empresa, bem como a contratação de bancos para analisar a viabilidade e estruturar uma potencial oferta subsequente de ações de cerca de 877 milhões de reais. O JPMorgan (NYSE:JPM) elevou a recomendação dos papéis a "overweight" após as notícias.

- REDE D´OR ON cedia 0,52%, a 20,91 reais, distanciando-se do pior momento quando renovou mínima histórica intradia, um dia após divulgar queda de 32,7% no lucro líquido do quarto trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior, para 282,5 milhões de reais. O Ebitda caiu 3,6%, com declínio também em margem. De acordo com o grupo de saúde, os efeitos diretamente relacionados à Covid-19 ainda impactaram o Ebtida, sobretudo na segunda metade do trimestre.

- ELETROBRAS ON (BVMF:ELET3) valorizava-se 3,54%, a 33,03 reais, ainda embalada por comentários da véspera, entre eles o do ministro de Minas e Energia, de que considera o processo de privatização da companhia consolidado e que agora cabe ao governo cobrar a elétrica a cumprir suas obrigações. Outros papéis do setor também figuravam na ponta positiva do Ibovespa, com o índice que reúnes as empresas em alta de 1,9%.

- VALE ON (BVMF:VALE3) tinha elevação de 1,4%, a 79,64 reais, uma vez que os futuros de minério de ferro na China estenderam a recuperação nesta terça-feira. O contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange encerrou as negociações diurnas com alta de 1,8%, a 882 iuanes (128,11 dólares) a tonelada.

- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) subia 0,99%, a 23,41 reais, em meio a ganhos modestos dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent subia 0,38%. Conforme documento divulgado na noite da véspera, o conselho de administração da Petrobras considerou inelegíveis as indicações de Sergio Machado Rezende e Pietro Adamo Sampaio Mendes para compor o novo colegiado da estatal.

- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) avançava 0,89%, a 23,83 reais, e BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) ganhava 0,62%, a 13,02 reais.

- MÉLIUZ ON caía 1,98%, a 0,99 real. O conselho de administração da companhia aprovou na véspera proposta de grupamento e desdobramento simultâneos de suas ações ordinárias, que será submetida à aprovação de assembleia geral extraordinária a ser convocada. A proposta prevê que cada 100 ações serão agrupadas em 1 ação e, ato contínuo, cada ação será desdobrada em 10.

- JBS ON (BVMF:JBSS3) recuava 3,34%, a 17,67 reais. O Barclays (LON:BARC) cortou a recomendação dos papéis da companhia para "equal-weight" e reduziu o preço-alvo de 26 para 20 reais.

- TUPY ON, que não está no Ibovespa, caía 4,65%, a 24 reais, na esteira de resultado trimestral, com lucro líquido de 56,4 milhões de reais para os últimos três meses de 2022, queda de 7,8% sobre o desempenho de um ano antes e mais fraco do que as estimativas de analistas.