Por Paula Arend Laier e Peter Frontini
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa desabou nesta segunda-feira, para abaixo de 115 mil pontos e anulando ganhos de 2020, em meio ao receio global com o surto de coronavírus, que já matou 81 pessoas e contaminou outras 2,7 mil na China, além de se espalhar para vários países.
O Ibovespa caiu 3,29%, a 114.481,84 pontos, na maior queda percentual desde 27 março de 2019, quando caiu 3,57%. O giro financeiro da sessão somou 23,9 bilhões de reais.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos disse que 110 pessoas estão sob suspeita de estarem com o vírus em 26 Estados, mas não houve novos casos confirmados no país desde os 5 casos de sua última atualização no domingo.
O número total de casos confirmados na China aumentou cerca de 30%, para 2.744, com cerca de metade na província de Hubei, cuja capital é Wuhan. Mas alguns especialistas suspeitam que o número de pessoas infectadas seja muito maior. Casos já foram confirmados em mais de 10 países, incluindo França, Japão e EUA.
"Os temores estão crescendo na velocidade com que o coronavírus que começou na China se espalhou para os EUA e a Europa", observou o analista Jasper Lawler, chefe de pesquisa no London Capital Group, em email a clientes nesta segunda-feira.
"Colocando de lado a tragédia humana, do ponto de vista frio dos mercados, o coronavírus pode servir ao propósito de retirar parte do aquecimento de um mercado que tem subido rapidamente há meses", observou.
As preocupações também afetaram mercados internacionais, derrubando mercados europeus. O índice FTSEurofirst 300 caiu 2,26%, enquanto o índice pan-europeu STOXX 600 perdeu 2,26%, a 414 pontos. Nos EUA, o S&P 500 recuou 1,57%.
DESTAQUES
- VALE ON (SA:VALE3) despencou 6,12%, em meio ao ambiente de maior aversão a risco com temores sobre os efeitos do surto de coronavírus sobre a economia chinesa. Também no radar estava a decisão da mineradora de elevar o nível de alerta da Barragem Sul Inferior, em Minas Gerais, citando fortes chuvas na região. Outros papéis de mineração e siderurgia também figuravam entre os maiores destaques negativos do índice.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) e PETROBRAS ON (SA:PETR3) recuaram 4,33% e 4,21%, respectivamente, acompanhando o tombo nos preços do petróleo no mercado internacional, com os papéis ordinários ainda pressionados pela iminência de uma oferta pública das ações da petrolífera detidas pelo BNDES prevista para fevereiro.
- SUZANO (SA:SUZB3) caiu 6,7%, dada a relevância do mercado chinês para o setor de papel e celulose. KLABIN UNIT (SA:KLBN11) recuou 4,37%. As empresas do setor trabalhavam com perspectiva de retomada do mercado e dos reajustes de preços da commodity após o feriado do Ano Novo chinês, no final deste mês.
- BRADESCO PN (SA:BBDC4) perdeu 2,3%. ITAÚ UNIBANCO PN caiu 2,16%. SANTANDER retrocedeu 0,98%
- TELEFÔNICA BRASIL PN avançou 0,83%, como uma das poucas altas do índice. A matriz da empresa contratou o Morgan Stanley (NYSE:MS) para procurar um investidor para adquirir uma fatia de sua unidade de tecnologia.
- GOL (SA:GOLL4) PN declinou 6,66%, também afetada pela valorização do dólar. AZUL PN (SA:AZUL4) perdeu 3,33%.
- TAURUS ARMAS PN avançou 7,79%, após assinar acordo para criação de uma joint venture que permitirá a fabricação e comercialização de armas na Índia.