Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta sexta-feira, arrematando mais uma semana de valorização, a terceira seguida, em movimento endossado por máximas em Wall St e noticiário corporativo aquecido, embora tenha ocorrido pouco avanço palpável nas frentes de saúde, política e fiscal no Brasil.
Nos Estados Unidos, os primeiros balanços da temporada do primeiro trimestre chancelaram a percepção de forte recuperação já indicada por dados econômicos e apoiada principalmente na agilidade do processo de vacinação no país.
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Em Nova York, o S&P 500 bateu recordes consecutivos, assim como o Dow Jones.
Além disso, números sobre a economia chinesa continuaram alimentando perspectivas positivas para a demanda de matérias-primas, produto de empresas que correspondem a uma parcela relevante na composição do Ibovespa, e que se beneficiam do atual cenário de reabertura, reflação e rotação de portfólios.
Vale, dona da maior fatia na carteira teórica do Ibovespa, de mais de 11%, renovou recordes nessa semana, quando acumulou valorização de 5,5%. Na quinta-feira, a cotação chegou a 109,88 reais na máxima, maior patamar intradia.
Em paralelo, o noticiário corporativo brasileiro desencadeou oscilações expressivas na bolsa paulista, com destaque para GPA (SA:PCAR3), Cia Hering (SA:HGTX3) e Lojas Renner (SA:LREN3), entre outras. Menos sorte tiveram as novas, como Mater Dei (SA:MATD3) e Allied, com estreias em baixa.
Na visão do estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz, o foco na semana ficou mais em questões corporativas, incluindo o começo de nova temporada de balanços nos EUA.
"O exterior puxa (essa recuperação), o Ibovespa acaba sendo beneficiado", afirmou.
Os cenários macroeconômico e político no país, porém, continuam minando o sentimento de agentes financeiros, evitando uma retomada com mais fôlego das ações, embora no caso da pandemia de Covid-19 a percepção é de que se trata de um problema de execução, dado que a vacina já existe.
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Além disso, acrescentou Cruz, apesar de os números da pandemia ainda não mostrarem uma melhora relevante e o ritmo de vacinação continuar lento, alguns Estados começaram a afrouxar restrições, reabrir comércio e outras atividades, o que acabou também ajudando algumas empresas na bolsa.
Em entrevista à Reuters nessa semana, o responsável pela estratégia de renda variável na AZ Quest, Eduardo Carlier, afirmou que o maior problema do Brasil ainda é o quadro fiscal. "É esse componente que gera maior incerteza", disse.
Nesta sexta-feira, o Ibovespa subiu 0,34%, a 121.113,93 pontos, com alta de 2,93% na semana e ampliando o ganho em abril a 3,84% No ano, agora tem acréscimo de 1,76%.
O índice Small Caps avançou 0,87%, a 2.965,79 pontos, com alta de 2,16% na semana e 6,02% no mês, ampliando a alta em 2021 para 5,08%.
O volume negociado no pregão nesta sexta-feira somou 30 bilhões de reais.
DESTAQUES DO IBOVESPA DO ACUMULADO DO MÊS:
- CIA HERING ON dispara 45,25%, catapultada pelo anúncio de que a varejista de moda recebeu -e recusou- proposta de fusão da fabricante de calçados e acessórios Arezzo (SA:ARZZ3). A Cia Hering afirmou que manterá o plano estratégico de combinar construção de marcas e expansão, com a busca por crescimento orgânico, e análise de "oportunidades inorgânicas", abrindo espaço para avaliação de que ela virou alvo de aquisição.
- CSN ON (SA:CSNA3) valoriza-se 26,65%, tendo renovado cotações recordes, com o setor de mineração e siderurgia ainda beneficiado por perspectivas de reabertura pós-Covid e estímulos econômicos no exterior para reavivar as economias, além de ambiente favorável a reajuste de preço de aço no Brasil. No caso de CSN, há ainda a perspectivas de desalavancagem do grupo. Nem o imbróglio no porto de Itaguaí esfriou o apetite pela ação. No setor, VALE ON (SA:VALE3) avança 10,92%, USIMINAS PNA (SA:USIM5) sobe 26,14%, GERDAU PN (SA:GGBR4) registra acréscimo de 7,64%.
- BRASKEM PNA (SA:BRKM5) apura alta de 25,93%, ampliando o ganho no ano para 112%, em meio a expectativas ligadas à venda da participação da Novonor (ex-Odebrecht) na petroquímica. O papel também vem encontrando suporte na visão do mercado de que a empresa está bem posicionada para aproveitar a sólida demanda por produtos petroquímicos, além do processo de desalavancagem e o progresso contínuo nas frentes de Alagoas e México.
- BRF ON (SA:BRFS3) contabiliza declínio de 6,46%, diante do cenário de alta dos preços de grãos e potencial aumento das matérias-primas da ração animal. Na semana passada, o presidente do conselho de administração da BRF, Pedro Parente, disse que os preços das commodities agrícolas estão em patamares bastante altos e o cenário é de firmeza nas cotações, com a China importando produtos "como nunca" enquanto recompõe seu plantel de suíno.
- SULAMERICA UNIT (SA:SULA11) recua 5,53%, dando sequência à correção após a disparada em meados de março, tendo no radar a oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) da Caixa Seguridade, que pode movimentar 6,5 bilhões de reais e tem precificação prevista para 27 de abril. No fim de março, o Credit Suisse (SIX:CSGN) cortou o preço-alvo das units - de 46,13 para 36 reais - e reiterou recomendação 'underperform'
- ENERGISA UNIT perde 3,98%, penalizada pela decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de adiar reajuste tarifário de unidades dela que atuam no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, enquanto avalia saídas para conter o forte aumento de custos para consumidores neste ano. A companhia também anunciou oferta pública de compra de ações (OPA) da Rede Energia, que ocorrerá em 14 de maio, na B3 (SA:B3SA3).
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Veja o comportamento dos principais índices setoriais na B3 no acumulado do mês:
- Índice Financeiro: +1,01%
- Índice de Consumo: +5,56%
- Índice de Energia Elétrica: +0,21%
- Índice de Materiais Básicos: +11,94%
- Índice do Setor Industrial: +7,32%
- Índice Imobiliário: +1,62%
- Índice Utilidade Pública: +0,48%
(Edição de Aluísio Alves)