SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice acionário da bolsa paulista operava no azul nesta quinta-feira, esboçando um movimento de recuperação após as perdas da véspera, embora a cautela que antecede o feriado de Carnaval persistisse entre os investidores.
Às 11:46, o Ibovespa subia 0,89 por cento, a 83.500 pontos. O giro financeiro somava 1,5 bilhão de reais.
O indicador devolvia as perdas da véspera, quando encerrou no vermelho sob a influência do recuo dos preços do petróleo, depois de oscilar entre as altas e baixas durante o pregão. Em 2018, o Ibovespa acumulava alta de cerca de 9 por cento.
Agentes do mercado observam que a B3 opera descolada do exterior, onde a tendência das bolsas ainda é indefinida, ajustando-se ainda à decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central, que na véspera cortou a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para a mínima recorde de 6,75 por cento ao ano.
Segundo operadores, a sinalização do BC de que o ciclo de queda da Selic estaria chegando ao fim já era esperada, mas o sentimento de cautela predomina em meio às incertezas quanto à aprovação da reforma da Previdência e ao cenário eleitoral.
Outro fator que limitava nesta quinta-feira o apetite por risco dos investidores é a aproximação do feriado de Carnaval, que manterá o mercados doméstico fechado até quarta-feira da semana que vem, disseram participantes ouvidos pela Reuters.
"O quadro de preocupação externa continua e a proximidade do Carnaval pode trazer mais proteção ao mercado", escreveu a Lerosa Investimentos em relatório a clientes.
DESTAQUES
- EMBRAER ON (SA:EMBR3) subia 2 por cento, entre os destaques positivos do Ibovespa, tendo no radar notícias sobre um acordo da fabricante brasileira de aeronaves com a norte-americana Boeing. Em artigo publicado no jornal O Estado de S.Paulo desta quinta-feira, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, destacou a importância da parceria estratégica entre a Embraer e a Força Aérea Brasileira (FAB), citando preocupação sobre o impacto de uma união com a Boeing para o desenvolvimento de capacidades militares e tecnológicas.
- BRADESCO PN (SA:BBDC4) avançava 1,8 por cento, após o segundo maior banco privado do país anunciar aumento de capital de 8 bilhões de reais com reservas de lucros e bonificação em ações. O setor como um todo trabalhava no azul, reforçando o viés altista do Ibovespa, dado o peso na composição do índice. Itaú Unibanco (SA:ITUB4) tinha alta de 1 por cento, Banco do Brasil (SA:BBAS3) ON ganhava 0,6 por cento e SANTANDER UNIT (SA:SANB11) se valorizava 0,7 por cento.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) subia 0,6 por cento e PETROBRAS ON (SA:PETR3) tinha alta de 0,3 por cento, anulando as perdas vistas mais cedo e indo na contramão dos preços do petróleo no mercado internacional, que seguiam no vermelho.
- VALE ON (SA:VALE3) perdia 0,3 por cento, seguindo na contramão das cotações do minério de ferro na China, onde as usinas siderúrgicas se reabastecem de matérias-primas após o feriado do Ano Novo Lunar.
- SUZANO PAPEL E CELULOSE ON (SA:SUZB3) tinha leve alta de 0,4 por cento, em sessão sem rumo claro para os papéis, após a empresa divulgar os resultados do quarto trimestre. A companhia apurou lucro líquido de 358 milhões de reais de outubro a dezembro, revertendo o resultado negativo de 440 milhões de reais apurado no último trimestre de 2016. Ainda no radar estava a notícia de que a Suzano estaria no páreo, juntamente com a chilena Arauco, uma empresa da Ásia e outra da Europa, pelo controle da empresa de celulose do grupo Lwart, a Lwarcel.
- CVC ON (SA:CVCB3), que não está inserida no Ibovespa, rondava a estabilidade, depois de comunicar uma alta de quase 26 por cento no lucro do quarto trimestre, apoiada em um aumento de dois dígitos nas confirmações de reservas.
- AZUL PN (SA:AZUL4), também fora do Ibovespa, recuava 0,6 por cento, após divulgar alta de 14 por cento no tráfego total de passageiros em janeiro ante igual mês de 2016.
(Por Gabriela Mello)