(Reuters) - Uma barragem da Vale (SA:VALE3) que entrou em colapso na sexta-feira, matando pelo menos 34 pessoas e deixando centenas desaparecidas, não mostrou falhas estruturais quando foi inspecionada em setembro passado, disse neste sábado a empresa alemã que realizou a inspeção.
O número de mortes na barragens de rejeitos que se rompeu na sexta-feira, na mina de minério de ferro Córrego do Feijão, em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte (MG), deverá aumentar devido ao alto número de desaparecidos, no pior desastre de mineração do país desde 2015.
A TUV SUD, com sede na Alemanha, informou neste sábado que inspecionou a barragem de rejeitos em setembro e concluiu que ela estava operando bem.
"Com base em nosso estado atual de conhecimento, nenhum dano foi encontrado", disse um porta-voz da companhia. "Apoiaremos totalmente a investigação e disponibilizaremos todos os documentos exigidos pelas autoridades investigadoras."
A empresa não deu mais detalhes.
A TUV SUD faz parte da família de empresas TUV, que realiza uma série de inspeções industriais, incluindo dutos, barragens de rejeitos e até implantes mamários. No entanto, cada entidade TUV tem uma estrutura de propriedade complexa.
Em 2010, a TUV SUD foi suspensa por um comitê de mudança climática da Organização das Nações Unidas por não seguir os procedimentos e por dar "uma opinião de validação positiva a alguns projetos, mesmo que tivesse preocupações".
A causa da ruptura da barragem de Córrego do Feijão não é conhecida. O diretor-presidente da Vale, Fabio Schvartsman, disse que a barragem estava sendo descomissionada e que uma leitura de monitores mostrou que estava tudo normal em 10 de janeiro.
Rejeitos são os detritos líquidos ou sólidos que sobram do processo de mineração. Ouro, cobre, minério de ferro e outros minerais são separados dos elementos da rocha base após serem removidos da terra.
Essa mistura pegajosa de rejeitos remanescentes é muitas vezes tóxica e é armazenada em reservatórios próximos mantidos por barragens que são elevadas quanto mais tempo a mina opera. Mas essas barragens de rejeitos, algumas das quais estão entre as maiores estruturas do mundo, são suscetíveis à erosão.
A Agência Nacional de Mineração do Brasil já ordenou que a Vale suspenda as operações no local de Córrego do Feijão. A Justiça de MG bloqueou 5 bilhões de reais da Vale a pedido do Ministério Público estadual e outro 1 bilhão de reais a pedido do Estado.
(Reportagem de Ernest Scheyder em Houston e Christoph Steitz em Frankfurt)