SÃO PAULO (Reuters) - A ISA Cteep está estudando parcerias com outras empresas para participar dos leilões de transmissão de energia elétrica de 2023, que devem envolver elevados volumes de investimentos.
"Teremos grandes lotes (nos leilões), é capaz que muitas empresas busquem parceria, consórcio... Esse é um tema que sempre avaliamos, entrarmos em parceria", disse nesta quarta-feira a diretora financeira da companhia, Carisa Portela, durante reunião pública com analistas e investidores.
Ela lembrou que a ISA Cteep integrou consórcio com a Taesa (BVMF:TAEE11) no último certame de transmissão, realizado em junho, além de ter feito ofertas sozinha pelos ativos.
Silvia Diniz Wada, diretora de estratégia e desenvolvimento de negócios, acrescentou que eventuais parcerias dependeriam, por exemplo, do porte dos projetos de interesse da ISA Cteep.
"Lotes com a dimensão de um bipolo invariavelmente vão passar por parcerias, acho que é natural que os players desenvolvam isso em parcerias".
Wada disse ainda que a companhia não prioriza e nem tem exclusividade para costurar parcerias com a Taesa, que também tem o grupo colombiano ISA entre seus principais acionistas. "Tem um histórico de investimentos passados (com a Taesa) que facilita, já temos uma governança pré-estabelecida, mas isso é analisado caso a caso".
Na avaliação dos executivos da Cteep, os leilões de 2023 devem ser bastante disputados, mas com poucos participantes, já que são poucas as empresas que teriam fôlego financeiro para arcar com os vultosos investimentos de alguns dos lotes previstos.
O governo prevê grandes licitações de transmissão de energia nos próximos anos, conforme aumenta a necessidade de escoamento da energia renovável gerada principalmente em Minas Gerais e em Estados do Nordeste. Para 2023 e 2024, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) prevê que os lotes somem 50 bilhões de reais em investimentos.
Diante do tamanho dessas licitações, as empresas de transmissão estão avaliando qual é a capacidade do segmento de "absorver" todos esses projetos num curto espaço de tempo, afirmou Wada.
Ela lembrou que, além de capacidade da cadeia de fornecedores, há ainda questões de disponibilidade de mão de obra qualificada e do próprio mercado de crédito para os projetos.
DIVIDENDOS
A ISA Cteep deve manter para este ano sua política de distribuição de dividendos, pagando pelo menos 75% do lucro regulatório da companhia, segundo a diretor financeira.
Portela afirmou que a companhia vê com "tranquilidade" a questão dos dividendos, uma vez que o crescimento previsto para o Ebitda nos próximos anos deve reduzir a pressão sobre a alavancagem da companhia, que vem elevando seu nível de investimentos em novos empreendimentos.
Ainda durante a reunião, executivos da ISA Cteep reforçaram que a governança da companhia segue inalterada após a troca do principal acionista do grupo ISA, que passou a ser a petroleira colombiana Ecopetrol.
"Não vamos entrar em petróleo, estamos fixos e firmes no negócio de energia elétrica", disse Portela, acrescentando que a transmissora também não tem planos de ingressar em outros segmentos do setor elétrico, estando focada em crescer via inovação na transmissão de energia.
(Por Letícia Fucuchima)