Por Ana Beatriz Bartolo
Investing.com - A série de desinvestimentos feita pela Petrobras (BVMF:PETR4) criou o mercado de "juniores" no setor de petróleo e óleo, segundo o Banco Inter (BVMF:BIDI4). Com o foco no redesenvolvimento de campos maduros, empresas como 3R Petroleum (BVMF:RRRP3), Prio (BVMF:PRIO3) e PetroReconcavo estão assumindo um papel cada vez maior na expansão da produção de campos nacionais.
Para o Inter, essas empresas juniores se beneficiam pelo preço alto do barril de petróleo, impulsionado pela Guerra na Ucrânia, e pela redução de investimentos no setor, causado pelo avanço da agenda sustentável, que equilibra a redução da demanda.
“A princípio, 3R é nossa Top pick do setor, por ser uma empresa com bastante espaço para crescer e evoluir. Prio, por sua vez, é a maior atualmente em termos de produção de barris por dia, com grande expertise em controle de custos e, por isso, também atravessa um bom momento. Por fim, PetroReconcavo (BVMF:RECV3) apresenta o menor upside, mas os riscos em sua tese também são menores, tornando-a, portanto, a mais resiliente entre as três”, afirma o Inter em relatório sobre o setor.
3R Petroleum
O foco da 3R Petroleum está em revitalizar campos de petróleo maduros, pois isso, o Inter destaca que o time de administração da empresa é uma peça fundamental para mitigar os riscos de desenvolvimento dos projetos e por isso, nomes como Roberto Castello Branco, um dos responsáveis pela reestruturação da Petrobras, traz confiança para a gestão da companhia.
Além disso, “a empresa conta com um portfólio bastante balanceado, com ativos em terra e águas rasas, mas com uma composição de 89% em óleo e o restante em gás, totalizando reservas 2P em quase 515 MMBOE. Já 1P/2P representa cerca de 73% da composição, porém alguns campos têm uma relação menor, o que acaba elevando alguns riscos”, aponta o Inter.
Atualmente, a produção da 3R Petroleum está em cerca de 12,2 mil barris por dia, mas o banco estima que em 2025 este número poderá chegar a mais de 100 mil barris ao dia, nove vezes acima do observado.
O Ebitda, que deve encerrar este ano pouco acima dos R$ 1,1 bilhão, pode bater cifras de R$ 4 bilhões no ano que vem e um pico de quase R$7 bilhões em 2025, segundo projeções do Inter.
Prio
A Prio, por outro lado, já é uma empresa focada em operar campos maduros de O&G, com investimentos voltados para eficiência operacional e expansão da sua base de ativos. A sua produção média diária é de mais de 31 mil barris em 2021 e o Inter espera forte crescimento, com um pico de mais de 150 mil BOE em 2028.
“Vemos a Prio com excelentes e rentáveis ativos em operação. Embora, por outro lado, os desafios são ‘profundos’, visto que existe grande risco na execução dos projetos, a companhia tem tido boa performance, principalmente em relação aos custos de extração, os quais têm diminuído, tornando a empresa um dos benchmarks do setor e expandindo sua margem, por consequência”, analisa o banco.
O Inter espera que a empresa gere fortes números operacionais, principalmente pós-2023, com Ebitda acima dos R$ 10 bilhões ao ano, sendo um pico em 2028, acima dos R$ 12 bilhões, resultado do crescimento da produção, bem como das estratégias que têm sido executadas para reduzir o custo de extração.
Recentemente, a Prio anunciou a compra da Dommo Energia, uma companhia também focada no segmento de O&G que, apesar do portfólio pequeno, pode agregar com sinergias, uma vez que os blocos exploratórios estão localizados perto de Polvo e TBMT, destaca o Inter. Além disso, a companhia também divulgou a aquisição de 100% de um investimento em Itaipu.
PetroReconcavo
Desde a sua criação em 1997, a PetroReconcavo se especializou em operar, desenvolver e revitalizar campos maduros de petróleo e gás em bacias terrestres (onshore).
“Certamente, os processos operacionais e a experiência da gestão são diferenciais da empresa, visto que vemos o risco de execução como um dos principais riscos no segmento. Diante disso, ressaltamos a vasta experiência da diretoria e as lideranças da gestão, tanto nacional quanto internacional”, aponta o Inter.
O banco estima que a PetroReconcavo chegará ao seu pico de produção em 2025, com quase 40 mil barris diários, aumento de quase 4x em comparação ao resultado do 2T22. O custo de extração tende a diluir ao passo que a produção escale, melhorando as margens.
“Outro ponto importante é que a empresa já opera ativos onshore há anos e todas as aquisições recentes foram neste sentido, o que nos leva a crer na continuidade de bons resultados operacionais”, diz o Inter.
A estimativa é que a empresa entregue um Ebitda superior a R$ 2 bilhões em 2024. Além disso, apesar da desaceleração natural esperada deste resultado para os próximos anos, o Inter acredita que a margem Ebitda se mantenha em torno de 50% ao longo do tempo.
As três empresas possuem recomendação de compra, com a 3R Petroleum tendo um preço-alvo em R$ 74, a Prio, em R$ 36, e a PetroReconcavo, em R$ 31.