Investing.com – Com a expectativa de mais agentes de mercado de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central pode elevar a taxa Selic, atualmente em 10,5%, o banco HSBC recorda que juros mais altos impactam as ações brasileiras, e podem levar a maiores saídas de fundos de ações, mas tendem a afetar os setores de forma distinta. Além disso, juros mais altos não atrapalham a história dos mercados acionários no Brasil, conforme apontado em relatório divulgado a clientes e ao mercado nesta quinta-feira, 05.
Com juros mais altos por mais tempo, o banco elenca o setor financeiro como atrativo, enquanto companhias com maior alavancagem podem ser impactadas negativamente, principalmente com índices acima de 2x, e índices de cobertura de juros abaixo de 2x.
“No entanto, a maioria das empresas está em setores de beta baixo, mais defensivos, como serviços públicos e bens de consumo básicos, que normalmente têm fluxos de caixa menos voláteis”, pondera o banco.
Uma Selic mais alta deve manter elevados os prêmios de risco e o desconto das ações brasileiras. Ainda, com juros maiores, o banco entende que as saídas de fundos devem ocorrer, mas como o ciclo de aperto monetário tende a ser curto, o ritmo desse fluxo deve ser mais lento.
“Durante estes ciclos de aperto e sem fluxos de investidores locais, as ações de menor capitalização tendem a ter um desempenho inferior. Taxas de juros mais elevadas terão impacto nos lucros das empresas através de taxas mais elevadas de despesas financeiras ou, em alguns casos, CPV mais elevado que está atrelado à taxa Selic”, completam os analistas Nicole Inui e Aravind U.
Os consumidores e empresas brasileiros “estão acostumados a um ambiente de taxas elevadas e estão bem-preparados”, segundo o HSBC, mencionando desalavancagem ao longo dos anos. Os níveis de relação dívida líquida/EBITDA para o índice de ações estariam abaixo de 2x.
Mesmo com juros elevados, outros fatores podem impulsionar a bolsa
Ainda que a Selic possa ser elevada nas próximas reuniões do Copom, juros mais elevados não necessariamente atrapalham a história dos mercados acionários no Brasil, no entendimento do HSBC, em meio a revisões altistas de lucros e expectativa de cortes nos juros nos Estados Unidos.
“As revisões de projeções de lucros estão melhorando na maioria dos setores, especialmente nos financeiros e setores relacionados com o consumo. As expectativas de um banco central mais agressivo também diminuem alguma incerteza e volatilidade no mercado, com o CDS do Brasil movendo-se menos no último mês”, conclui o HSBC, ao recordar que a bolsa brasileira atingiu máxima histórica e que a continuidade da tendência de força dos lucros das companhias listadas segue como driver.