Déficit primário do governo central fica abaixo do esperado em agosto com reforço de dividendos
Após fechar em alta nas últimas três sessões, os juros futuros tiveram queda firme nos vencimentos de médio e longo prazos, com a ponta curta encerrando apenas com um viés de baixa. O comportamento foi amparado na melhora de humor no cenário internacional, que também produziu efeitos benignos no câmbio, jogando o dólar para menos de R$ 5,35. A curva resistiu em baixa mesmo com as máximas registradas nos rendimentos dos Treasuries no meio da tarde, em meio a discursos hawkish de membros do Federal Reserve. Aqui, as questões fiscais que vinham respondendo em boa medida pela escalada recente das taxas foram assentadas com a votação da PEC dos Benefícios na comissão especial da Câmara, com o mercado já tendo digerido o impacto fiscal bilionário das medidas.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou com taxa de 13,755% (máxima), de 13,765% no ajuste de ontem. O janeiro 2024 passou de 13,551% a 13,515%. O janeiro 2025 caiu para 12,80%, de 12,89%. E o janeiro de 2027 recuou de 12,85% a 12,73%.
Com o ambiente externo hoje tranquilo, os investidores ficaram mais confortáveis na exposição ao risco e foram em busca dos gordos prêmios da curva, embora as taxas não tenham devolvido integralmente o que haviam subido. O modo risk on teve ainda suporte da leitura da ata do Federal Reserve ontem, que ao não mencionar o risco de recessão foi vista de forma positiva, ainda que tal possibilidade siga sobre a mesa diante do que o Fed promete fazer para a desaceleração da inflação - tanto que a curva das T-Notes de 2 e 10 anos segue invertida.
Nesta tarde, o presidente da distrital de St. Louis do Federal Reserve, James Bullard, considerado um dos membros mais duros do board, disse que o que está em jogo é a credibilidade da instituição e que as expectativas de inflação para os Estados Unidos podem se desequilibrar sem uma ação confiável por parte do banco central americano.
Como reação, as taxas das T-Note de 2 e 10 anos romperam 3%, mas os mercados de ações assimilaram bem as declarações.
Nas commodities, o petróleo subiu hoje cerca de 4%, mas como ainda tem grande margem de queda acumulada no mês, o desempenho desta quinta-feira não foi suficiente para impedir o fechamento da curva local. Até porque a defasagem dos preços dos combustíveis ante os internacionais está praticamente zerada e já há sinais dos efeitos das medidas do governo sobre os preços nas bombas.
O texto-base da PEC dos Benefícios, também chamada de 'Kamikaze', foi aprovado na comissão especial da Câmara e a expectativa é de que, após a análise dos destaques, a matéria siga para o plenário. Os agentes veem a tramitação célere como um mitigador da piora de risco fiscal, na medida em que a demora no processo poderia abrir brecha para a inclusão de mais benefícios sociais. Sem contar o custo das desonerações, a PEC terá impacto de R$ 41,2 bilhões fora do teto de gastos, a serem custeados, em boa medida, com recursos da privatização da Eletrobras (BVMF:ELET3).