Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - Um leilão de energia do governo brasileiro nesta sexta-feira surpreendeu ao contratar um volume de projetos ainda inferior às já pessimistas expectativas de analistas, com migração de consumidores para o mercado livre impactando a demanda no certame.
Especialistas já esperavam uma baixa demanda, semelhante à do ano passado, quando foram contratados 1 gigawatt em empreendimentos, devido ao lento ritmo de retomada da economia brasileira, enquanto o número de projetos cadastrados para a disputa manteve-se elevado.
Os quase 402 megawatts em usinas vencedoras em 2019 deverão demandar investimentos de cerca de 1,9 bilhão de reais até 2023, quando precisarão entrar em operação, segundo informações da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
Segundo o secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Ricardo Cyrino, a migração de consumidores para mercado livre de energia impactou demanda em leilão, no qual distribuidoras são as contratantes.
Ele disse que a maior parte dos projetos negociou um mínimo de 30% da produção no leilão, reservando resto da energia para venda no mercado livre.
Os principais vencedores da disputa neste ano foram as usinas solares, que registraram os menores preços já vistos para a fonte no Brasil, e as usinas eólicas, que ficaram perto das mínimas históricas tocadas em 2018.
Entre empresas, destacaram-se a Força Eólica do Brasil, associação entre a espanhola Iberdrola (MC:IBE) e sua controlada Neoenergia, com duas usinas, e a francesa Voltalia, com um projeto eólico, além de Celesc (SA:CLSC4) e Cemig (SA:CMIG4), que viabilizaram uma pequena hidrelétrica cada.
Os empreendimentos solares contratados somaram uma capacidade instalada de 203,7 megawatts, em seis projetos, que deverão exigir aportes de 856,2 milhões de reais. A fonte chegou a negociar energia a 64,99 reais, bem abaixo dos cerca do mínimo de 117 reais na licitação de 2018.
Já as eólicas somaram 95 megawatts, em três usinas, com preços de até 79,92 reais por megawatt-hora --patamar próximo, mas ainda superior aos 67 reais atingidos no leilão A-4 do ano passado.
Foram viabilizadas no leilão, ainda, cinco pequenas hidrelétricas, com total de 81,3 megawatts em potência, e uma central de geração à biomassa, com 21,4 MW.
Um dos empreendimentos hídricos é da estatal catarinense Celesc (8,3 MW), enquanto a mineira Cemig também viabilizou um projeto de expansão de uma pequena hidrelétrica, com 20,8 MW.
As eólicas contratadas deverão receber investimentos de cerca de 532 milhões de reais, sendo 86 milhões do projeto da Voltalia e o restante das usinas da Força Eólica.
O leilão registrou um deságio médio de 45%, segundo a CCEE, com um preço final médio de 151,15 reais por MWh.