A Raízen (BVMF:RAIZ4) registrou lucro líquido ajustado de R$ 2,52 bilhões no quarto trimestre do ano fiscal 2022/23, que compreende ao período entre 1º de janeiro e 31 de março de 2023, avanço expressivo ante o ganho de R$ 209,7 milhões que havia sido registrado do intervalo anterior. Segundo a companhia, a alta de mais de dez vezes no resultado foi justificada pelo desempenho operacional e reconhecimento dos créditos tributários de PIS e Cofins.
O lucro líquido consolidado do período foi de R$ 2,66 bilhões, ante R$ 315,8 milhões registrados em igual intervalo de 2021/2022. A alavancagem fechou o trimestre em um múltiplo de 1,3 vez a relação de Dívida Líquida pelo Ebitda dos últimos 12 meses, ante igual resultado no quarto trimestre do exercício de 2021/2022. O capex do trimestre totalizou R$ 4,137 bilhões (avanço de 45,1% ante os R$ 2,851 bilhões de 2021/22).
A receita líquida da Raízen subiu 2,8% na base anual, partindo de R$ 53,493 bilhões em 2021/22 e chegando a R$ 54,967 bilhões no trimestre encerrado em março.
O resultado operacional medido pelo Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou positivo em R$ 5,91 bilhões, alta de 332%, ante R$ 1,78 bilhão de igual trimestre do ano anterior, em valores ajustados.
Acumulado de 2022/23
No acumulado do ano fiscal, a Raízen registrou lucro líquido ajustado de R$ 3,9 bilhões, alta de 130% ante o ganho de R$ 3 bilhões do ano anterior. O capex do ciclo totalizou R$ 10,65 bilhões (avanço de 70,1% ante os R$ 6,266 bilhões de 2021/22). A receita líquida subiu 25,2% na base anual, partindo de R$ 196,2 bilhões no consolidado 2021/22 e chegando a R$ 245,8 bilhões no trimestre encerrado em março.
Na mesma base de comparação, o resultado operacional medido pelo Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou positivo em R$ 15,28 bilhões, alta de 42,8%, ante R$ 10,7 bilhões do ano anterior, em valores ajustados.
A Raízen processou 73,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, redução de 3,4% em relação ao volume processado no ano-safra anterior. Segundo a companhia, o clima mais seco dos últimos dois anos resultou na menor disponibilidade de cana e a produtividade agrícola foi inferior à da safra passada, gerando uma queda na disponibilidade de produto. A companhia ainda afirmou que intensificou a renovação do canavial na safra, reduzindo a área de colheita.
No acumulado da safra houve redução da moagem e do ATR (135,8 kg/tonelada ante 136,4 kg/tonelada em 2021/22), além de uma queda do TCH (-3,6%). A produção de açúcar caiu 7,3%, para 4,78 milhões de toneladas. A produção de etanol de primeira geração ficou em 2,98 milhões de metros cúbicos (-3,1% ante 2021/22), já a produção de etanol de segunda geração (E2G) avançou 63,8%, para 30,3 mil metros cúbicos. O mix de produção foi dividido igualmente entre açúcar e etanol (50%-50%).
Projeções
A Raízen divulgou, junto com a publicação do balanço do quarto trimestre do ano-fiscal 2022/23, as projeções financeiras e operacionais referentes ao ano-safra 2023/24, que se iniciou em 1º de abril de 2023 e se encerrará em 31 de março de 2024. No consolidado, a projeção de Ebitda Ajustado é de R$ 13,5 bilhões a R$ 14,5 bilhões para o período. O investimento previsto fica entre R$ 13 bilhões e R$ 14 bilhões.
As revisões levam em consideração a perspectiva de moagem de 80 milhões de toneladas de cana-de-açúcar (com a melhora na produtividade agrícola), o que representará uma expansão de 9% ante ao ano-safra anterior. A companhia também espera aumentar o volume produzido e comercializado de etanol, açúcar e energia e ressalta o "ciclo favorável de preços". "Uma parcela relevante das vendas já está fixada em um nível 20% superior a safra 2022/23", afirmou a Raízen. A empresa relata diluição de custos e arrefecimento dos efeitos inflacionários sobre os preços de insumos agrícolas.
Para o segmento de renováveis e açúcar, segundo fato relevante divulgado pela empresa, as expectativas para os investimentos são de R$ 10,6 bilhões a R$ 11,3 bilhões, sendo R$ 4,4 bilhões a R$ 4,7 bilhões destinados exclusivamente a projetos de etanol de segunda geração (E2G) e expansões. Em marketing e serviços, as projeções de investimentos devem variar entre R$ 2,4 bilhões e R$ 2,7 bilhões.
A Raízen afirma que realizará mais investimentos ligados à recuperação da produtividade agrícola e aceleração dos projetos de expansão em Renováveis, majoritariamente para construção das plantas de E2G e energia elétrica solar. Já o segmento marketing e serviços estará dedicado à expansão da rede com novos contratos, renovações, ampliação e otimização da infraestrutura logística. O setor também trabalhará na "conclusão dos investimentos para adequação da qualidade de produtos e redução das emissões de enxofre na Refinaria da Argentina (no montante estimado para o ano de US$ 150 milhões)".