De volta ao futuro, Macron reconduz Lecornu como primeiro-ministro da França

Publicado 10.10.2025, 14:27
Atualizado 10.10.2025, 19:07
© Reuters.

Por Elizabeth Pineau

PARIS (Reuters) - O presidente da França, Emmanuel Macron, reconduziu Sébastien Lecornu ao cargo de primeiro-ministro nesta sexta-feira, apenas alguns dias depois de ele ter renunciado ao cargo, uma medida que enfureceu alguns dos mais ferozes oponentes políticos do presidente, que prometeram votar contra o novo governo.

Macron, 47 anos, espera que o leal Lecornu consiga obter apoio suficiente de um Parlamento profundamente dividido para aprovar um orçamento para 2026. Diante da pior crise política da França em décadas, muitos dos rivais de Macron exigiram que ele convocasse novas eleições parlamentares ou renunciasse.

A reação imediata à nomeação de Lecornu por parte da extrema-direita e da extrema-esquerda foi contundente, sugerindo que seu segundo período como primeiro-ministro não será mais fácil do que o primeiro, que terminou na segunda-feira, quando ele renunciou após apenas 27 dias no cargo.

"O governo Lecornu 2, nomeado por Emmanuel Macron, que está mais isolado e fora de contato do que nunca no Palácio do Eliseu, é uma piada de mau gosto, uma desgraça democrática e uma humilhação para o povo francês", postou no X o presidente do partido Reunião Nacional, Jordan Bardella.

PRIORIDADE DE LECORNU É APROVAR UM ORÇAMENTO PARA 2026

Não houve reação imediata da liderança dos socialistas e dos republicanos conservadores, que serão cruciais para a sobrevivência de Lecornu.

A tarefa mais urgente de Lecornu será entregar um orçamento ao Parlamento até o final da segunda-feira.

"Aceito -- por dever de ofício -- a missão que me foi confiada pelo presidente da República de fazer todo o possível para fornecer à França um orçamento até o final do ano e abordar as questões da vida cotidiana de nossos concidadãos", escreveu ele no X.

"Devemos pôr fim a essa crise política que exaspera o povo francês e a essa instabilidade que é prejudicial à imagem da França e a seus interesses."

Lecornu acrescentou que quem quer que se juntasse ao seu governo teria que renunciar às suas ambições pessoais de suceder Macron em 2027, uma disputa que tem injetado instabilidade nos fracos governos minoritários e no Legislativo fragmentado da França. Ele prometeu que seu gabinete "incorporaria a renovação e a diversidade".

O entorno de Macron disse que Lecornu tinha "carta branca", em um sinal de que o presidente estava deixando ao seu primeiro-ministro bastante espaço de manobra para negociar um gabinete e um orçamento.

PARTIDOS DE ESQUERDA IRRITADOS COM MACRON

Macron convocou mais cedo uma reunião com os líderes dos partidos tradicionais para reunir apoio em torno de sua escolha, mas irritou as legendas de esquerda quando descobriram que um deles não seria nomeado primeiro-ministro.

A França está em meio a uma crise política em espiral, à medida que uma série de governos minoritários tem lutado para fazer com que orçamentos de austeridade sejam aprovados em um Parlamento profundamente dividido.

Depois de sair da reunião desta sexta-feira, os chefes dos partidos de esquerda disseram que Macron havia dito que não planejava nomear um primeiro-ministro de esquerda, um cargo que eles acreditam ser seu por direito depois que as escolhas anteriores de Macron de centro foram derrubadas por parlamentares que não estavam dispostos a aceitar os cortes orçamentários propostos pelo governo.

"Não estamos buscando a dissolução do Parlamento, mas também não temos medo dela", disse o chefe do Partido Socialista, Olivier Faure, aos repórteres após a reunião.

DESTINO DA REFORMA PREVIDENCIÁRIA É FUNDAMENTAL

O esforço do país para colocar suas finanças em ordem, exigindo cortes orçamentários ou aumentos de impostos com os quais nenhum partido pode concordar, apenas aprofundou o mal-estar.

Se a Assembleia Nacional não conseguir chegar a um consenso sobre o orçamento no prazo estabelecido, poderá ser necessária uma legislação de emergência para manter o país funcionando no ano que vem com um orçamento de transição.

O chefe do banco central do país, François Villeroy de Galhau, previu nesta sexta-feira que a atual incerteza política custaria à economia 0,2 ponto percentual do Produto Interno Bruto. O sentimento empresarial estava sofrendo, mas a economia estava bem, em termos gerais, disse ele.

As difíceis negociações orçamentárias custaram a Macron três primeiros-ministros em menos de 12 meses.

O ponto central das negociações orçamentárias mais recentes tem sido o desejo da esquerda de revogar as reformas previdenciárias de Macron de 2023, que aumentaram a idade de aposentadoria, e de tributar mais pesadamente os ricos. Essas exigências têm sido difíceis de conciliar com os conservadores, cujo apoio Macron também precisa para aprovar um orçamento.

Na reunião desta sexta-feira, Macron ofereceu adiar o aumento da idade de aposentadoria para 64 anos em um ano, até 2028. A líder dos verdes, Marine Tondelier, descreveu a concessão como insuficiente.

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