Por Marta Nogueira
BELO HORIZONTE (Reuters) - Uma manifestação contra a mineradora Vale (SA:VALE3), devido ao rompimento fatal de uma barragem de rejeitos em Brumadinho, ocupou toda a rua em frente à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta sexta-feira, em Belo Horizonte, e paralisou o trânsito no entorno durante a cerimônia de posse dos deputados.
Cerca de 2 mil pessoas, segundo estimativas da Polícia Militar no local, carregavam faixas com frases contra a mineradora, cantavam e faziam depoimentos emocionados sobre o desastre, que deixou pelo menos 110 e mais de 200 desaparecidos.
A advogada da área criminalista Aparecida Moreira, de 54 anos, segurava uma folha de papel que dizia “prisão para o presidente da Vale e para todos os responsáveis pelo crime cometido”.
“Eu perdi três alunos, estão mortos e não sabemos onde estão os corpos deles”, afirmou a advogada. “Já me cadastrei para ser assistente de acusação para esse crime, porque eu sou advogada e sei que isso foi um crime, vou trabalhar para que isso não vire pizza.”
O cientista social Frederico Siman, de 31 anos, afirmou que materiais utilizados nas manifestações do desastre de barragem da Samarco em Mariana, há pouco mais de três anos, foram usados em outros atos ao longo do tempo e estavam sendo reaproveitados para a manifestação do novo desastre.
“É um momento terrível para quem já vem alertando há tantos anos. A gente tem vários grupos de ambientalistas aqui em Minas que já vinham alertando dos perigos das barragens, das ameaças aos aquíferos, pela violação dos direitos humanos", afirmou Siman.