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Mercado brasileiro reage com otimismo a desempenho de Bolsonaro no 1º turno e mira nova fase da campanha

Publicado 08.10.2018, 17:29
Atualizado 08.10.2018, 17:30
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Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O mercado financeiro brasileiro reagiu com otimismo à votação expressiva de Jair Bolsonaro (PSL) no primeiro turno da eleição presidencial no domingo, bem como ao desempenho de seus aliados no Congresso Nacional e em disputas estaduais, e volta suas atenções agora para os próximos eventos eleitorais antes do segundo turno, em 28 de outubro.

Bolsonaro recebeu 46,03 por cento dos votos válidos no domingo, enquanto o petista Fernando Haddad, que vai disputar com ele o segundo turno, ficou com 29,28 por cento do total. O PSL elegeu no domingo 52 deputados, segundo a Câmara dos Deputados, em um forte avanço em relação ao pleito passado quando havia eleito apenas um deputado federal. No Senado, foram quatro eleitos ante participação inexistente antes dessa eleição.

"O forte resultado de Bolsonaro no primeiro turno faz dele o favorito para vencer o segundo turno", afirmaram em relatório a clientes os estrategistas Carlos Sequeira e Bernardo Teixeira, do BTG Pactual (SA:BPAC11).

A equipe de estratégia de renda variável para Brasil e América latina do banco JPMorgan, liderada por Emy Shayo, endossou a premissa, afirmando que, dada a diferença de votos entre os candidatos, Bolsonaro parece ter uma vantagem importante para o segundo turno", conforme relatório a clientes.

A corretora Brasil Plural (SA:BPFF11) disse que não há como não afirmar que a vantagem é do candidato do PSL, mas ponderou que "é sempre prudente acompanhar o decorrer da campanha".

De olho em potenciais transferências de votos, agentes financeiros, que veem os próximos dias como uma "nova campanha", estarão atentos a novas pesquisas, com sondagem Datafolha já prevista para a quarta-feira; seguida por debates, sendo o primeiro esperado para quinta-feira, além dos programas eleitorais em televisão e rádio, que serão retomados na sexta-feira.

Também no radar estarão potenciais alianças partidárias, principalmente após a significativa mudança na composição do Congresso Nacional, que a equipe da consultoria MCM considerou como uma das principais surpresas da votação do domingo e que deve ajudar o candidato do PSL no segundo turno. "A direitização e a renovação anti-establishment do Congresso trouxeram boas notícias para Bolsonaro", afirmou em relatório.

Para os estrategistas do JPMorgan, a nova composição do Congresso Nacional favorece a governabilidade de um eventual governo do capitão reformado, mas apenas para medidas que demandem maioria simples. Para aprovar projetos de emenda constitucional, contudo, como a reforma da Previdência, o cenário ainda é desafiador.

No final do pregão nesta segunda-feira, o dólar acusou queda de 2,35 por cento, a 3,77 reais, e o Ibovespa fechou em alta de 4,57 por cento, a 86.083,91 pontos. No melhor momento do dia, o dólar recuou 3,8 por cento, a 3,7094 reais, e o índice de referência do mercado acionário brasileiro saltou 6 por cento, indo acima de 87 mil pontos. As taxas dos contratos de DIs desabaram.

Os estrategistas Daniel Gewehr e João Noronha, do Banco Santander Brasil (SA:SANB11), elevaram a recomendação das ações brasileiras para 'overweight' em seu portfólio para América Latina, com preço-alvo do Ibovespa para o final de 2019 em 105 mil pontos, destacando que o balanço de riscos brasileiro melhorou internamente.

O JPMorgan elevou a classificação do real e das taxas de juros locais para 'overweight'. "Os mercado locais no Brasil têm apresentado um rali nas sessões recentes e nós acreditamos que o desfecho dessa eleição pode continuar a influenciar fortemente os preços, especialmente no contexto onde as posições em real e taxas parecem leves."

A preferência no mercado financeiro por Bolsonaro é apoiada no seu coordenador econômico, o economista liberal Paulo Guedes, oriundo do mercado, a quem repassa praticamente qualquer questionamento referente a temas econômicos, mas também em um sentimento anti-PT, após deterioração de indicadores econômicos principalmente no governo de Dilma Rousseff.

O Bradesco BBI espera que Bolsonaro e Haddad suavizem seus discursos e se movam mais para o centro, "o que provavelmente aumentará a probabilidade de ajuste fiscal após as eleições. O time liderado por Andre Carvalho vê 40 por cento de chance de um ajuste fiscal profundo, 45 por cento de probabilidade de um ajuste parcial e 15 por cento de nenhum ajuste.

Para o gestor Igor Lima, da Galt Capital, a bolsa é o ativo com maior potencial de valorização nesse cenário após o primeiro turno da eleição. "O Ibovespa está negociando abaixo dos múltiplos históricos, as empresas estão em trajetória ascendente de lucros e a alocação em bolsa brasileira por parte dos estrangeiros está bem baixa", afirmou.

© Reuters. .

Nesse contexto, a XP Investimentos citou as ações de Cemig (SA:CMIG4), Banco do Brasil (SA:BBAS3), Bradesco (SA:BBDC4) Petrobras (SA:PETR4), Gol (SA:GOLL4), Localiza (SA:RENT3), B2W (SA:BTOW3), Lojas Americanas (SA:LAME4) e Usiminas (SA:USIM5) entre os papéis que se beneficiam do cenário envolvendo Bolsonaro.

(Edição Alberto Alerigi Jr.)

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