SÃO PAULO (Reuters) - A Mercedes-Benz anunciou nesta terça-feira uma reestruturação de sua fábrica de caminhões e chassis de ônibus em São Bernardo do Campo (SP), que resultará na demissão de 3,6 mil trabalhadores, e terceirização de parte da operação.
A Mercedes-Benz Caminhões e Ônibus atribuiu a medida à pressão de custo e à transformação da indústria automobilística, o que tornou necessário um foco maior no 'core business', definido como a fabricação de chassis de ônibus, caminhões e o desenvolvimento de tecnologias e serviços para o futuro.
A produção de componentes como eixos dianteiro e transmissão média e os serviços de logística, manutenção e ferramentaria estão entre as atividades que passarão a ser executadas por empresas contratadas.
"Estamos garantindo a sustentabilidade dos negócios da Mercedes-Benz Caminhões e Ônibus a longo prazo no Brasil", disse a montadora em comunicado.
A empresa demitirá aproximadamente 2,2 mil trabalhadores da unidade, sua primeira no país --inaugurada em 1956-- e maior planta da Daimler (ETR:MBGn) fora da Alemanha para veículos comerciais Mercedes-Benz. E cerca de 1,4 mil profissionais não terão seus contratos temporários renovados a partir de dezembro de 2022.
O Sindicato dos Metalúrgicos do Grande ABC disse que seus dirigentes se reuniram com a diretoria da Mercedes-Benz nesta tarde, quando representantes da companhia pediram a abertura de negociação sobre esses temas. A fábrica tem 6 mil trabalhadores na produção e entre 8 mil e 9 mil no total, segundo a entidade.
Uma assembleia da diretoria do sindicato com os trabalhadores foi marcada para quinta-feira, às 14h.
"Esclarecimentos e comunicados à imprensa por parte do sindicato e sua direção só serão feitos após conversa e assembleia com os trabalhadores da planta", disse o sindicato por meio de sua assessoria de imprensa.
A Mercedes-Benz já tinha posto 600 trabalhadores em férias coletivas em São Bernardo do Campo no início do ano devido à falta de componentes eletrônicos. A Mercedes também tem uma fábrica de caminhões em Juiz de Fora (MG).
DEMISSÕES ACUMULAM, ELETRIFICAÇÃO NO RADAR
O Estado de São Paulo enfrentou nos últimos anos uma série de fechamentos, ou reestruturações, em fábricas de montadoras.
Em 2019, houve a desmobilização da fábrica da Ford (NYSE:F) em São Bernardo do Campo, antes do anúncio da saída da montadora do país, em 2021. A própria Mercedes-Benz vendeu no ano passado uma planta em Iracemápolis, onde eram produzidos automóveis de luxo, à chinesa Great Wall Motors.
Em abril deste ano, a Toyota decidiu fechar sua fábrica em São Bernardo do Campo, a primeira fora do Japão. A Caoa Cherry anunciou em maio a interrupção da produção de veículos em sua principal planta no país, em Jacareí, para adaptar a unidade à produção de carros híbridos e elétricos
A Mercedes-Benz disse nesta terça-feira que "o mercado tem se tornado mais dinâmico do que nunca e a competitividade em nessa indústria vai continuar a se intensificar, especialmente considerando a transformação das tecnologias tradicionais para novas formas de propulsão".
A empresa deve começar a montar seu primeiro ônibus elétrico no Brasil no fim deste ano e estimou demanda de ônibus elétricos no Brasil da ordem de 3 mil veículos até 2024.
(Por Andre Romani)