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Moagem de cana do CS dispara na 2ª quinzena de março, mas fica abaixo do esperado

Publicado 12.04.2023, 13:24
Atualizado 12.04.2023, 15:00
© Reuters. Colheita de cana da São Martinho em Pradópolis
12/04/2023
REUTERS/Paulo Whitaker/Archivo
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Por Roberto Samora e Marcelo Teixeira

SÃO PAULO/NOVA YORK (Reuters) - CebA moagem de cana-de-açúcar do centro-sul do Brasil na segunda quinzena de março aumentou 271,37% ante o mesmo período do ano passado, com muitas usinas optando por um início precoce da nova temporada de olho em uma grande safra prevista para 2023/24, ciclo que começou oficialmente em abril.

A União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) informou nesta quarta-feira que as usinas processaram 4,386 milhões de toneladas na segunda parte de março. Mas o volume ficou abaixo de uma expectativa da entidade de 5 milhões de toneladas, divulgada no mês passado, em meio a chuvas em algumas regiões.

Na mesma época do ano passado, o setor havia processado apenas 1,18 milhão de toneladas. Mas em 2021 chegou a processar cerca de 5 milhões de toneladas na segunda quinzena de março.

A Unica não comentou sobre fatores climáticos na segunda quinzena, mas destacou que ao término do período estavam em operação 63 unidades no centro-sul, sendo 52 com processamento de cana e 11 empresas que fabricam etanol a partir do milho.

O total de usinas em operação ficou perto da expectativa divulgada anteriormente, de 60 unidades, mais que o dobro das 25 fábricas que operavam na mesma época de março de 2022.

Questionada, a Unica disse que "não há uma causa evidente do motivo da moagem não ter atingido a projeção dos 5 milhões de toneladas".

Com os preços do açúcar no mercado internacional próximos dos maiores valores em 11 anos, em meio a um aperto na oferta global, as usinas destinaram mais cana do que o usual para a produção do adoçante na segunda quinzena.

Quando estão iniciando uma nova safra, geralmente as empresas focam mais o etanol. Mas a destinação de cana para açúcar foi de 33,43% do total processado, versus apenas 11% no mesmo período do ano passado.

O restante da matéria-prima foi para a fabricação de etanol, cuja produção cresceu na segunda quinzena 76,6%, para 377 milhões de litros.

Já a fabricação de açúcar somou 146 mil toneladas, versus apenas 12 mil toneladas na mesma parte de 2022.

ENCERRAMENTO DA SAFRA

A moagem de cana-de-açúcar na safra 2022/2023, encerrada em março, totalizou 548,28 milhões de toneladas, um avanço de 4,61% ante o ciclo passado, quando o setor foi atingido por seca e geadas.

Segundo dados do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), a produtividade agrícola média na safra 2022/2023 foi de 73,3 toneladas de cana por hectare, aumento de 8,1% em relação ao ciclo de colheita passada.

"O ganho de produtividade é resultado das melhores condições climáticas observadas na safra, especialmente nos meses de verão em 2022", disse a Unica.

Os indicadores de produtividade indicam bom prognóstico para a nova safra, que deve atingir volumes próximos de 600 milhões de toneladas, segundo analistas.

Já a qualidade da matéria-prima colhida na safra 2022/23, mensurada em kg de ATR por tonelada de cana processada, apresentou redução de 1,45% na comparação com o último ciclo agrícola, atingindo 140,80 kg de ATR por tonelada ao final do ciclo.

Apesar de o setor ter colhido a menor safra em cerca de dez anos em 2021/22, a seca que atingiu aquele ciclo ajudou a concentrar açúcares, beneficiando a qualidade.

EXPORTAÇÕES NA SAFRA 22/23

A Unica informou ainda que as exportações de açúcar somaram 27,78 milhões de toneladas em 2022/23, alta de 7% ante a temporada anterior, com a receita avançando mais de 2 bilhões de dólares, para 11,48 bilhões de dólares.

© Reuters. Colheita de cana da São Martinho em Pradópolis
12/04/2023
REUTERS/Paulo Whitaker/Archivo

Já as vendas de açúcar no mercado interno somaram 8,57 milhões de toneladas, alta de 1,6% na comparação com a safra anterior.

A exportação de etanol somou 2,7 bilhões de litros em 2022/23, aumento de cerca de 1 bilhão de litros na comparação anual, com Países Baixos sendo destino de mais de 30% do total exportado, seguidos por Coreia do Sul (28,9%) e Estados Unidos (17,4%).

No total do ciclo 2022/2023, o setor comercializou 16,58 bilhões de litros de hidratado (-0,60%) e 12,51 bilhões de litros de etanol anidro (+14,92%) a partir de usinas da região centro-sul do Brasil, com o mercado interno absorvendo a maior parte.

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