O índice DXY do dólar fechou em alta na sessão desta sexta-feira, marcada pela aversão ao risco nos mercados dos EUA. O índice recuperou parte da queda superior a 1% de ontem, mas não subiu o suficiente para evitar recuo no acumulado da semana. Entre emergentes, o rublo russo e o yuan chinês foram destaques, de olho em ações dos BCs locais, enquanto euro e libra terminaram a tarde em baixa mesmo após comentários hawkish de dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) e Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês).
O DXY avançou 0,41% hoje, aos 103,150 pontos. Nos últimos sete dias, o recuo foi de 1,35%, pior desempenho semanal desde o começo de fevereiro. No fim da tarde em Nova York, o euro caía a US$ 1,0560, a libra recuava a US$ 1,2487, e o dólar subia a 127,83 ienes.
Segundo a Capital Economics, a explicação mais simples para a queda semanal do dólar, em meio ao sell-off no mercado acionário de Nova York, é a de a moeda americana passou por ajustes após os fortes ganhos recentes. Há, porém, dois cenários em que este movimento pode se estender no curto prazo. Primeiro, a consultoria cita que a onda de vendas de ações em NY pode pesar sobre o dólar, à medida que outras bolsas de países desenvolvidos se saem melhor. Há também o risco de investidores focarem no aperto monetário por outros BCs de grandes economias.
Hoje, vários dirigentes do BCE - entre os eles os presidentes dos BCs da Alemanha, Letônia e Itália - reforçaram a percepção de que o BC da zona do euro deve iniciar o ciclo de aperto monetário em julho. No Reino Unido, o economista chefe do BoE, Huw Pill, afirmou que ainda há ajuste monetário a fazer, após o BC britânico ter elevado o juro básico a 1%.
Nos EUA, o presidente da distrital de St. Louis do Federal Reserve, James Bullard, voltou a afirmar seu apoio pelo atual ritmo de alta do juro adotado pelo BC americano. Considerado um dos membros de orientação mais hawkish do Fed, Bullard é membro votante do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) este ano.
Na seara de moedas de países emergentes, o rublo chegou a operar em seu maior valor ante o dólar desde abril de 2018 antes de perder fôlego, com o mercado reagindo a ações do BC da Rússia em prol da valorização da divisa loca, além das exigências de pagamentos em rublos para exportações de energia do país. "O rublo pode ter recebido um impulso da confirmação de que empresas na União Europeia (UE) podem pagar pelo gás russo sem violar as sanções impostas pelo bloco a Moscou. E vale lembrar que muitos controles de capital ainda estão em vigor, ajudando a manter o rublo forte, restringindo as saídas de capital da Rússia", comenta a Capital Economics.
Já o yuan se beneficiou do corte de juro para empréstimos de cinco anos, de 4,60% a 4,45%, pelo Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês). A medida reforça a percepção de que Pequim deve liberar estímulos específicos para conter a desaceleração da economia, após as restrições adotadas contra o surto local de covid-19. No período citado, o dólar apreciava a 62,285 rublos e caía a 6,6940 yuans.