O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, caiu nesta quarta-feira, acompanhando os rendimentos dos Treasuries. A divisa foi pressionada ajustando ganhos recentes e ainda ampliou perdas após um indicador da economia americana, com os sinais do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) em segundo plano.
No fim da tarde em Nova York, o dólar caía a 127,76 ienes, o euro subia a US$ 1,0855, e a libra tinha alta a US$ 1,3064. O índice DXY recuou 0,57%, a 100,390 pontos.
Logo no início da sessão, o dólar já caía ante rivais. "O sentimento do mercado melhorou no meio da semana, com declínios em ativos de refúgio, como dólar, ecoando a venda pausada de Treasuries", disse Pierre Veyret, analista técnico da ActivTrades. "Os investidores estão aproveitando a oportunidade trazida pela temporada de balanços", completa.
Segundo a Western Union, alguns analistas disseram que a fraqueza do dólar foi ajudada por Charles Evans, do Fed de Chicago, "cujos comentários ontem foram percebidos como menos agressivos do que o esperado". Mais tarde, o dólar ampliou perdas após a publicação das vendas de moradias usadas dos EUA, que caíram 2,7% em março ante fevereiro, mas analistas ouvidos pelo Wall Street Journal previam queda maior, de 4,5%.
O mercado também acompanhou hoje falas da presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly que defendeu uma "marcha rápida rumo à taxa neutra até o fim do ano" como um "caminho prudente para a política monetária nos Estados Unidos, no contexto atual. Ela ainda defendeu que ocorra uma alta de 50 pontos-base nos juros, na reunião de maio do Fed. "Meu próprio ponto de partida é que o argumento por um ajuste de 50 pontos-base está agora completo", disse ela a repórteres. Mais tarde, o Livro Bege do Fed apontou que as perspectivas de crescimento futuro foram obscurecidas pela incerteza criada pelos recentes desenvolvimentos geopolíticos e pelo aumento dos preços e que a maioria dos distritos americanos espera que a pressão inflacionária no país siga nos próximos meses.
Para o Danske Bank, no curto prazo, uma importante influência para o dólar são os desdobramentos na guerra Rússia-Ucrânia. "Um dado importante para a maioria das previsões de câmbio é nossa expectativa de um dólar amplo mais forte em meio a um aperto nas condições financeiras globais", analisa em relatório enviado a clientes. "O dólar normalmente funciona em dois extremos: em um cenário de aversão ao risco ou em um cenário em que os EUA têm um desempenho claramente superior", disse Kristen Macleod, codiretor de vendas globais de câmbio do Barclays (LON:BARC). "O que vimos nos últimos dois meses - desde o início do conflito Rússia-Ucrânia - é que o dólar está se beneficiando de um pouco de ambos".
* Com informações da Dow Jones Newswires