Montadora chinesa GAC inicia vendas no Brasil e mira fábrica para fim de 2026

Publicado 23.05.2025, 19:47
Atualizado 23.05.2025, 19:55
© Reuters. Veículo elétrico Aion Y da GAC é visto em exposição no estande do grupo no salão do automóvel de Xangai, na Chinan19/04/2021nREUTERS/Aly Song

Por Alberto Alerigi

SÃO PAULO (Reuters) -A montadora chinesa de veículos GAC anunciou nesta sexta-feira o lançamento de sua operação no Brasil, com expectativa de obter uma aceitação de mercado que permita ao grupo começar a construir uma fábrica no país a partir do final de 2026.

O grupo automotivo, que afirma ser a sexta maior montadora de carros da China, anunciou no ano passado planos de investimento de R$6 bilhões em cinco anos no Brasil e abriu um centro de distribuição de peças na região metropolitana de São Paulo em fevereiro deste ano.

Para o lançamento no Brasil, a empresa começa no sábado a vender no país quatro carros elétricos e um híbrido, importados, esperando atingir vendas de 100 mil unidades nos próximos cinco anos, disse o presidente da GAC Internacional, Wei Haigang, à Reuters.

"O Brasil é um país enorme e muito importante para nós", disse o executivo em chinês por meio de intérprete para o português. "Vamos entrar no mercado com os produtos e depois vamos considerar a possibilidade de localização" da produção, acrescentou o executivo, citando que a montadora tem uma estratégia de "longo prazo" para o Brasil.

A GAC afirma ter presença em mais de 70 países, com produção de cerca de 2,5 milhões de veículos, praticamente todo o volume fabricado no ano passado por todas as montadoras instaladas no Brasil.

A empresa vai vender inicialmente no país uma linha de três utilitários esportivos (SUVs) elétricos e um híbrido, com preços entre R$175 mil e R$300 mil, e um sedã (Aion ES), elétrico, que custará R$170 mil e terá autonomia de 314 quilômetros.

COMPETIÇÃO INTENSA

O lançamento da marca ocorre em um momento de intensificação da competição no sexto maior mercado de veículos do mundo, com marcas chinesas como a BYD (SZ:002594) liderando as vendas de veículos eletrificados no país, o segmento de mais rápido crescimento no mercado brasileiro.

Enquanto as vendas totais de veículos leves no Brasil no primeiro quadrimestre cresceram 3,4% sobre um ano antes, para 714,8 mil unidades, os emplacamentos de eletrificados saltaram 37,4%, para 70,46 mil unidades, de acordo com dados da associação de concessionárias, Fenabrave.

Além da GAC, começaram a operar no Brasil este ano as marcas Omoda & Jaecoo, da também chinesa Chery Auto, que já atua há anos no Brasil em parceria com grupos nacionais, e a Leapmotor, por meio de aliança com a Stellantis (NYSE:STLA).

Até abril, as principais marcas de grupos chineses de veículos em vendas no Brasil são BYD, Chery, GWM e Volvo, esta última controlada pela Geely, segundo dados da Fenabrave.

As quatro, lideradas pela BYD, venderam um total de 59.430 veículos de janeiro ao final do mês passado no Brasil, uma participação de 8,3% sobre as vendas totais. Se fossem, consideradas como uma única marca, elas estariam na quarta posição no ranking de maiores montadoras do país, de acordo com os números da Fenabrave.

"Estamos cientes que o Brasil é um mercado cada vez mais competitivo", disse Wei. "Desenvolvemos nossa estratégia mirando a relação bilateral entre Brasil e China...A decisão (de investir no Brasil) não foi afetada por influências alheias", afirmou o executivo ao ser questionado sobre o impacto da guerra comercial iniciada pelos Estados Unidos neste ano sobre os planos da empresa estatal.

A entrada da GAC no Brasil ocorre também em meio à cobrança de montadoras tradicionais no país para que o governo federal intensifique mecanismos de proteção comercial contra importações e cerca de um ano antes da volta do imposto de importação "cheio", de 35%, sobre carros eletrificados. Atualmente a sobretaxa é de cerca de 20%.

FÁBRICA

Wei afirmou que a GAC está acelerando discussões com parceiros locais e que a expectativa é que no "quarto trimestre do ano que vem consigamos realizar a instalação de uma fábrica no Brasil".

O executivo citou a experiência da GAC em parcerias na China, onde desde 1997 a montadora tem uma joint-venture com a Honda (TYO:7267) e desde 2004 possui uma aliança com a Toyota, mas não comentou se um acerto semelhante pode ser definido também para viabilizar a produção no Brasil.

"Reconhecemos as dificuldades de construir fábricas no Brasil e precisamos ter parceiros locais confiáveis para trabalharmos juntos", afirmou. "Pretendemos ser um modelo de empresa com produção local no Brasil", acrescentou.

Em meados de fevereiro, a Geely e a Renault (EPA:RENA) anunciaram uma parceria em que a fábrica do grupo francês no Paraná vai produzir veículos eletrificados da montadora chinesa.

Para começar as vendas no Brasil, a GAC montou uma rede de concessionárias que já nasce com 83 lojas no país, das quais 50 em shopping centers. A rede, afirma a companhia, é formada por acordos com 27 "dos maiores grupos econômicos do setor". A expectativa da montadora chinesa é atingir 120 pontos de venda nomeados até o final do ano em todas as regiões do Brasil.

(Edição de Patrícia Vilas Boas)

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