O Nubank (NYSE:NU) (SA:NUBR33) tem novo dia de forte queda no valor de suas ações e já caiu 50% em relação ao preço que alcançou na abertura de capital (IPO, em inglês). Em dezembro, o papel estreou na Bolsa de Nova York (Nyse) a US$ 9, com a fintech avaliada em US$ 41 bilhões. Na mínima desta segunda-feira, 9, foi negociada a US$ 4,35, com o banco valendo US$ 20,5 bilhões.
O Nubank surpreendeu ao entrar na Nyse valendo mais que o Itaú. Hoje, porém, vale a metade do maior banco privado brasileiro. O Itaú não teve muita alteração em seu valor de mercado desde dezembro e vale US$ 40,6 bilhões hoje. Com a queda, o Nubank não só perdeu o posto de banco mais valioso da América Latina como, no Brasil, passou a valer menos que o Santander (SA:SANB11). O banco espanhol tem valor hoje no mercado brasileiro de US$ 24 bilhões.
Nesta segunda-feira, além do novo dia de mau humor generalizado no mercado internacional, com a Nasdaq caindo mais de 2% em meio a preocupações com a inflação elevada e temor de mais altas de juros nos Estados Unidos, um fator local ainda pesou para o papel do Nubank caiu mais que seus pares.
Cartão de crédito
O presidente do Itaú Unibanco (SA:ITUB4), Milton Maluhy, mostrou cautela na teleconferência de resultados do banco com as operações de cartões, sobretudo no meio digital, principal produto do Nubank. "Estamos reduzindo em 40% a aquisição (de clientes) em cartões, por entender que é um produto mais volátil."
Maluhy afirmou que o Itaú tem privilegiado a venda de cartões a clientes que já estão no banco, por já conhecer o perfil de crédito. Cartão é um produto de relacionamento, que ajuda a fidelizá-los à instituição mas, mesmo assim, tem tido cautela diante da alta dos juros, da inflação e da perda de renda da população.
O Itaú é líder de mercado em cartões de crédito no Brasil. Por meio da Itaucard, da Credicard e do Iti, seu banco digital, detém cerca de um terço do mercado, de acordo com estimativas. Atrás dele vêm Bradesco (SA:BBDC4), Banco do Brasil (SA:BBAS3), Santander e por fim, o Nubank.
Inadimplência
No caso da fintech, analistas de bancos como Goldman Sachs (NYSE:GS) e Bank of America (NYSE:BAC) esperam alta da inadimplência e das provisões para calotes no primeiro trimestre, por causa do crescimento das operações de crédito do banco, em cartões e empréstimos pessoais, em momento de juros em alta.
Os cartões de crédito exigem provisionamento maior, porque são uma concessão de crédito sem garantia, ou seja: os bancos não conseguem recuperar ativos cedidos pelos clientes caso tomem um calote.
O Bradesco (SA:BBDC4)também mostrou cautela com seus bancos digitais ao anunciar os resultados do primeiro trimestre. "Vamos privilegiar menos o crescimento acelerado e mais a fidelização, a retenção e a rentabilização desses clientes", disse o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, ao falar dos três bancos digitais da casa.
Somados, Next e Digio e a carteira digital Bitz já têm 21 milhões de clientes. O Nubank tem 54 milhões de clientes, e o Inter tem cerca de 19 milhões. "Vamos fazer um tradeoff (troca) com o crescimento, até porque a gente sabe o que está acontecendo com as empresas de crescimento", disse Lazari, na teleconferência.