Investing.com — Analistas da Wedbush esperam uma forte reação positiva das ações de tecnologia diante da vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA, especialmente se o Congresso também for dominado por republicanos.
O banco de investimentos acredita que o governo Trump deve priorizar iniciativas de inteligência artificial (IA) nos EUA, favorecendo grandes empresas de tecnologia como Microsoft (BVMF:MSFT34) (NASDAQ:MSFT), Amazon.com (BVMF:AMZO34) (NASDAQ:AMZN) e Google (NASDAQ:GOOGL). Esses projetos, particularmente em agências governamentais como o Departamento de Defesa, também poderiam representar uma vantagem substancial para empresas focadas em IA, como Palantir (BVMF:P2LT34) (NYSE:PLTR).
VEJA TAMBÉM: Quais são as melhores ações de tecnologia em 2024?
Embora a Lei de Redução da Inflação (IRA, na sigla em inglês) possa sofrer revisões que afetem empresas como a Intel (NASDAQ:INTC), o foco em IA deve ser “prioritário e beneficiar as Big Tech,” segundo analistas liderados por Dan Ives.
Outro possível benefício para o setor de tecnologia em uma presidência Trump seria a saída de Lina Khan da Comissão Federal de Comércio (FTC). Khan tem sido uma barreira relevante para o setor, investigando e contestando fusões e aquisições de empresas de tecnologia.
O mercado vê sua possível saída como um catalisador para aumentar o volume de transações no setor. A influência de Elon Musk, apoiador de Trump, pode ainda acelerar a saída de Khan, removendo um obstáculo substancial para as empresas de tecnologia.
“Ainda que questões antitruste persistam com o DOJ contra Google e Apple (BVMF:AAPL34) (NASDAQ:AAPL), a saída de Khan do FTC seria um grande avanço para as Big Tech,” observaram os analistas.
Os principais beneficiários de uma vitória de Trump seriam Tesla (BVMF:TSLA34) (NASDAQ:TSLA) e Musk, segundo a Wedbush. Embora o setor de veículos elétricos (VEs) em geral possa perder com o fim de subsídios e incentivos fiscais, a escala e o alcance da Tesla lhe garantiriam uma vantagem competitiva em um mercado sem subsídios.
Além disso, uma presidência de Trump poderia manter tarifas elevadas sobre a China, dificultando a entrada de fabricantes chineses de VEs no mercado dos EUA e reforçando ainda mais a posição da Tesla.
A vitória do ex-presidente também poderia acelerar as iniciativas de direção autônoma da Tesla, assim como de outras empresas, como a Waymo.
“O rápido avanço das tecnologias autônomas seria central para os investidores nesse cenário, com algumas metas para 2026/2027 da Tesla sendo antecipadas para se alinhar ao cronograma chinês de veículos autônomos em andamento,” explicaram os analistas.
“Acreditamos que uma vitória de Trump poderia agregar US$ 40 a US$ 50 por ação da Tesla, se as iniciativas de direção autônoma e FSD avançarem já em 2025, além de impulsionar o lançamento do Cybercab,” acrescentaram.
As ações da Tesla subiram cerca de 3% no pré-mercado de quarta-feira, após investidores reagirem à contagem da NBC News, que mostrou Trump com uma vantagem considerável sobre Harris no Colégio Eleitoral.
No mês passado, Musk contribuiu com cerca de US$ 75 milhões para o America PAC, um super PAC que ele fundou no início deste ano para apoiar o candidato republicano.
Trump prometeu nomear Musk como chefe de uma comissão de eficiência governamental caso vença a eleição.
Tesla em foco
O retorno de Trump à Casa Branca pode ter efeitos mistos para a Tesla (NASDAQ:TSLA), o mercado de veículos elétricos em geral e o Trump Media & Technology Group, segundo análise da plataforma de negociação multi-ativo Tradu, de propriedade do Jefferies.
Em uma nota recente, Nikos Tzabouras, editor financeiro sênior da Tradu, descreve os benefícios e desafios que um segundo mandato de Trump pode trazer, especialmente para o CEO da Tesla, Elon Musk, e suas ambições.
Tzabouras afirma que o setor de veículos elétricos pode enfrentar obstáculos caso Trump desmonte políticas de energia verde que têm incentivado a adoção de VEs.
“O mercado de veículos elétricos e o setor de renováveis podem ser grandes prejudicados em uma nova presidência de Trump,” ele explica, “já que ele prometeu eliminar as políticas de energia verde adotadas pelo governo atual.”
A Tesla, contudo, pode se mostrar resistente. “A liderança da Tesla permite que a empresa suporte essa mudança, o que pode prejudicar mais seus concorrentes,” ele acrescenta, observando que o foco exclusivo da Tesla em IA e robótica pode posicioná-la para aproveitar eventuais esforços de desregulamentação de Trump.
Em termos de dinâmica internacional, a Tradu acredita que a Tesla pode enfrentar desafios na China sob um segundo mandato de Trump. Tzabouras observa que as tensões comerciais entre EUA e China podem aumentar, dificultando as operações da Tesla em um de seus mercados mais lucrativos.
“As relações podem se deteriorar sob a presidência de Trump, e isso poderia ser negativo para os negócios da Tesla na China,” afirma Tzabouras. Contudo, a fama de Trump como um “negociador criativo” poderia, eventualmente, favorecer a Tesla na superação desses desafios.
Eles acrescentam que a Trump Media também deve se beneficiar de uma nova presidência de Trump.
“No longo prazo, sua presidência pode ter um impacto positivo para a empresa, especialmente se sua plataforma de mídia social se tornar um escritório de imprensa informal do presidente dos EUA,” diz Tzabouras.
A recente valorização das ações da empresa em meio às notícias eleitorais ressalta a confiança dos investidores na influência de Trump sobre a plataforma.