Por Rodrigo Viga Gaier e Andre Romani e Beatriz Garcia
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) -Pelo menos algumas dezenas de voos nos principais aeroportos do país foram cancelados ou atrasaram nesta segunda-feira após o início da paralisação de aeronautas, anunciada na semana passada para ocorrer todos os dias por duas horas pelas manhãs até que haja um acordo salarial com as empresas aéreas.
Passageiros enfrentaram transtornos que incluíram filas para remarcação de passagens e falta de informação.
A cena se repetiu nos aeroportos do Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e outras praças. A manifestação dos aeronautas - pilotos e comissários - começou a partir das 6h desta segunda-feira e foi até 8h, nos aeroportos Congonhas, Guarulhos, Galeão, Santos Dumont, Viracopos, Porto Alegre, Brasília, Confins e Fortaleza.
A GRU Airport, concessionária do aeroporto de Guarulhos (SP), o maior do país, disse que no pico dos problemas pela manhã dez voos estavam atrasados simultaneamente. A empresa não divulgou o total de voos impactados. Em Congonhas, na capital paulista, a Infraero registrou 38 atrasos e cinco cancelamentos.
A categoria dos aeronautas reivindica aumento salarial real de 5% e melhores condições de trabalho, incluindo respeito ao acordo coletivo entre outros pontos.
"Tivemos atrasos em algumas operações...esse vai ser o normal até que haja uma nova negociação. Nós passamos dois meses e meio em negociação com as empresas. Nós tivemos duas propostas que foram recusadas", disse a jornalistas o presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Henrique Hacklaender.
O sindicato das companhias aéreas informou que Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou que seja mantido o efetivo de 90% dos aeronautas em serviço (operando os aviões) durante o período da greve.
Passageiros no Rio de Janeiro reclamaram do período escolhido para a paralisação e do atendimento prestado pelas empresas aéreas, que há meses têm elevado preços de passagens aproveitando a alta demanda e sob a justificativa de compensarem elevação de valores de combustíveis e outros custos.
"É uma fila gigantesca para ter boa informação, saber o que eles vão fazer para nós. Está bem complicado", disse à Reuters Carolina Campos, que faria conexão no Rio de Janeiro nesta segunda-feira com destino a Belo Horizonte.
"As opções apresentadas são horríveis por parte da empresa. Infelizmente, no dia a dia o atendimento não é bom e às vésperas das festas de fim de ano o passageiro passa por momentos constrangedores", adicionou Juliana Barbosa, que teve o voo para São Paulo cancelado pela greve.
No Rio de Janeiro, foram 13 atrasos e seis cancelamentos no aeroporto Santos Dumont, segundo a Infraero, enquanto a concessionária do Aeroporto Tom Jobim (Galeão), a RIOGaleão, mencionou que três voos sofreram atrasos.
A Latam disse pela manhã que "boa parte" de sua operação encontrava-se normal e confirmou "alguns impactos pontuais em alguns voos", sem detalhar. A Gol (BVMF:GOLL4) afirmou que todos os voos previstos foram operados, mas que houve "alguns atrasos", também sem dizer quantos. A Azul (BVMF:AZUL4) não comentou.
Atrasos foram registrados na maioria dos aeroportos onde ocorreu a greve. Até 12h, o aeroporto de Brasília teve um total de 24 decolagens atrasadas, disse a concessionária Inframerica. Além disso, três voos que chegariam à cidade foram cancelados, um deles para uma manutenção não programada, afirmou.
No aeroporto de Confins, próximo a Belo Horizonte, a BH Airport disse que dois voos foram atrasados.
Já a Fraport, concessionária dos aeroportos de Porto Alegre e Fortaleza, não informou quantos voos foram impactados. Administrador do aeroporto de Viracopos, em Campinas, o consórcio Aeroportos Brasil não respondeu a questionamentos.
(Edição Alberto Alerigi Jr.)