Por Andre Romani
SÃO PAULO (Reuters) - A empresa de investimentos Pátria anunciou nesta terça-feira a compra do controle da rede baiana Atakarejo, com plano de triplicar o tamanho do negócio em cerca de cinco anos, disseram executivos da companhia à Reuters.
O valor da operação não foi oficialmente divulgado.
A rede, que atua principalmente no comércio de alimentos e bebidas, tem 28 lojas na Bahia, e registrou receita líquida de vendas de 3,2 bilhões de reais em 2022, alta de cerca de 24% ante o ano anterior.
O Pátria adquiriu uma participação "um pouco acima" de 51% na rede, e o fundador do Atakarejo, Teobaldo Costa, e seu filho continuam com uma participação "relevante", disse à Reuters Luiz Cruz, sócio e líder de novos investimentos em private equity do Pátria no Brasil.
O executivo afirmou que, na visão do Pátria, o formato de atacarejo têm condições e tendências para continuar crescendo nos próximos anos. Como o nome indica, o segmento engloba redes de lojas que misturam o modelo de atacado e de varejo, e tem como principais nomes no país o Atacadão, do Carrefour (BVMF:CRFB3) Brasil, e o Assaí (BVMF:ASAI3).
"Entendemos que o Atakarejo é uma plataforma bastante posicionada para consolidar a liderança que já tem no segmento na Bahia e, através do plano sólido de crescimento, expandir e ter um crescimento importante nos próximos anos", disse Cruz.
O plano é abrir em torno de 50 lojas em cerca de cinco anos, incluindo em Estados vizinhos da Bahia, o que praticamente triplicaria o tamanho do Atakarejo, disse Marcos Ambrosano, sócio do Pátria na área de varejo.
O investimento do Pátria no Atakarejo é majoritariamente primário, ou seja, via compra de novas ações, e esses recursos injetados na companhia serão utilizados para expansão e redução de sua alavancagem financeira, segundo os executivos.
"A gente observa que o setor do varejo alimentar no Brasil tem dois formatos vencedores: um é o atacarejo e o outro é o supermercado. Não por outra razão que acabamos investindo nesses dois formatos", disse Ambrosano. Para ele, o atacarejo apresenta características que dão ao segmento certa resiliência frente à situação econômica do país, como a prática de preços mais baixos e custos menores.
A aquisição é mais uma do Pátria, listado nos Estados Unidos, no setor de varejo. A empresa tem um fundo especializado com uma estratégia de consolidação do setor e foco em supermercados regionais, tendo adquirido nos últimos anos participações em marcas como Superpão, da região Sul, e Boa e Avenida, ambas do Sudeste.
O controle do Atakarejo, segundo Cruz, ficará em um outro fundo, voltado para o formato, mas que, por ora, só contém a fatia na rede baiana.
O Pátria tem participação em ativos que vão desde concessão de rodovias ao setor de saúde até rede de academias, com a Smart Fit.
Embora não divulgado oficialmente, o Pipeline, site do jornal Valor Econômico, disse nesta terça-feira que o custo da aquisição do Atakarejo foi de 650 milhões a 700 milhões de reais, citando estimativas de fontes a par do assunto.
O negócio depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).