SÃO PAULO – A semana que antecede a votação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) no Senado deve ser agitada não apenas no ambiente político. Balanços corporativos e indicadores econômicos domésticos e do exterior devem estar no radar dos agentes locais na próxima semana.
De acordo com Eduardo Roche, gestor da Canepa Asset Management, “quanto mais se aproxima o provável afastamento de Dilma da presidência, mais o mercado se anima”.
Na próxima semana, a comissão especial do impeachment terá a apresentação do relatório elaborado pelo senador Antonio Anastasia (PSDB) na quarta-feira (4) e a votação da matéria na sexta-feira (6).
“O texto do relator Anastasia deve ser aprovado com facilidade. Teremos que aguardar a semana seguinte para que o afastamento temporário seja votado e aprovado pelos senadores”, pontuou Roche.
Ainda na cena política, os investidores devem operar ao longo da semana de olho no vice-presidente Michel Temer (PMDB) que deve dar continuidade às negociações para a formação da equipe de seu eventual governo.
De acordo com o gestor da Canepa Asset, o peemedebista deve dar novas pistas sobre a equipe econômica, com o objetivo de fazer novos acenos para o mercado. “Além de dar novos sinais que [Henrique] Meirelles assumirá a Fazenda, Temer deve oferecer pistas sobre Banco Central e Planejamento”.
Da agenda doméstica, os agentes estarão atentos à divulgação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) na sexta-feira, às 9h e da ata do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) na quinta-feira (5), às 8h30.
Ainda por aqui, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor industrial será publicado na segunda-feira (2), às 10h, enquanto o PMI Composto e de serviços sairá na quarta-feira no mesmo horário.
Do exterior, a semana será encerrada com chave de ouro, já que na sexta-feira será publicado o relatório de emprego dos Estados Unidos, às 9h30 (horário de Brasília).
Dois dias antes, sairão os PMIs Composto e de serviços da zona do euro, às 5h (horário de Brasília), dos Estados Unidos, às 10h45 (horário de Brasília), e da China, às 22h45 (horário de Brasília). No mesmo dia, os norte-americanos terão acesso aos números do relatório nacional de emprego da processadora de folhas de pagamento ADP, às 9h15 (horário de Brasília).
Ainda na cena externa, os PMIs da indústria da zona do euro, dos Estados Unidos e da China serão divulgados às 5h, às 10h45 e às 22h15 (horário de Brasília), respectivamente.
No ambiente corporativo, os destaques ficam para os balanços trimestrais de Itaú Unibanco (SA:ITUB4) e TIM na terça-feira, da Ambev (SA:ABEV3), CSN (SA:CSNA3) e Gerdau (SA:GGBR4) na quarta-feira, e do Pão de Açúcar (SA:PCAR4) e das lojas Americanas na quinta-feira.
Fechamento de mercado
Mesmo tendo recuado nesta sexta-feira (29), o Ibovespa acumulou alta de 1,9% na semana e ganho de 7,7% em abril.
O principal índice da Bovespa fechou em queda no último pregão da semana, alinhado ao recuo em Wall Street e ao enfraquecimento do petróleo, mas auferiu o terceiro mês seguido de ganhos, refletindo perspectivas políticas e avanço de commodities no período.
A última sessão do mês também foi marcada por nova bateria de resultados corporativos, com as ações da Embraer (SA:EMBR3) desabando quase 7% em meio à queda do dólar e após a fabricante de aviões divulgar queda nas margens operacionais do primeiro trimestre.
O Ibovespa caiu 0,74%, a 53.910 pontos. Na máxima, chegou a subir 0,7%. O volume financeiro somou R$ 9 bilhões.
O dólar caiu mais de 1,5% nesta sexta-feira e foi a R$ 3,44 acompanhando o cenário externo, apesar das atuações mais intensas do Banco Central no mercado de câmbio numa sessão marcada ainda pela briga para a formação da Ptax do mês.
O dólar recuou 1,64%, a R$ 3,4401 na venda, menor patamar desde 31 de julho (R$ 3,4247). Na semana, a moeda norte-americana acumulou queda de 3,65%, enquanto em abril, a baixa foi de 4,34%.
(Com Reuters)