Por Marta Nogueira e Fabio Teixeira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras (BVMF:PETR4) informou em fato relevante que a remuneração total aos acionistas referente ao exercício de 2023 somou 94,35 bilhões de reais, incluindo 21,9 bilhões de reais em dividendos extraordinários aprovados em assembleia ordinária da companhia nesta quinta-feira.
A remuneração aprovada se refere a 50% dos dividendos extraordinários possíveis do exercício de 2023, em decisão tomada após série de polêmicas que colocaram em lados opostos integrantes do conselho da estatal indicados pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o presidente-executivo da estatal, Jean Paul Prates, que chegou a ficar ameaçado de demissão.
A metade não distribuída dos dividendos extraordinários possíveis, que por ora deverá ficar em uma reserva estatutária da empresa, poderia ser distribuída até o final do ano, conforme proposta do governo na assembleia, o que deve ser novo fator de influência do preço da ação da estatal.
"Classificamos o evento como esperado e, quanto a dividendos, esperamos que uma eventual futura definição sobre os 50% não distribuídos siga como um dos eventos que podem movimentar o preço das ações", afirmou a corretora Ativa em relatório.
As ações preferenciais da Petrobras atingiram uma máxima da sessão após a votação na assembleia, nesta quinta-feira, saltando mais de 2%, uma das maiores altas do Ibovespa.
A Petrobras teve o segundo maior lucro de sua história no ano passado, com 124,6 bilhões de reais, o que permitiria o pagamento de dividendos extraordinários da ordem de 43,9 bilhões de reais, caso 100% do montante fosse pago.
Inicialmente, em reunião em março, o conselho havia decidido reter 100% dos dividendos extras possíveis em uma reserva estatutária, manifestando preocupações com a capacidade de investimento da empresa.
Na semana passada, após muita polêmica, a Petrobras informou que seu conselho "entendeu, por maioria", como satisfatórios os esclarecimentos da diretoria financeira da empresa de que a distribuição de dividendos extraordinários de até 50% do lucro líquido de 2023 não comprometeria a sustentabilidade da empresa.
Desde o início, a diretoria executiva defendeu a aprovação dos 50% dos dividendos possíveis, com Prates manifestando esta posição publicamente, causa aparente de uma disputa entre Silveira e o CEO da empresa.
A aprovação na assembleia desta quinta-feira ocorreu, ainda, após o presidente-executivo da Petrobras passar por um processo de "fritura", que poderia ter levado à sua demissão.
Entretanto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu manter Prates no cargo, e o governo terminou por acatar a proposta da diretoria, já que como sócia majoritária a União deve receber recursos importantes para aliviar contas.
Segundo fato relevante da Petrobras publicado no meio da tarde de quinta-feira, enquanto a assembleia ainda acontecia, foi aprovada remuneração aos acionistas no valor total de 94,35 bilhões de reais referente ao exercício de 2023.
Esse valor inclui as antecipações aprovadas ao longo de 2023 e pagas até março de 2024 (58,2 bilhões de reais) mais a proposta de dividendos complementares no valor 36,14 bilhões de reais, nos quais estão incluídos os dividendos extraordinários e ordinários ainda não pagos.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP), ligada ao PT, divulgou nota lamentando "que tenha prevalecido a política de distribuição de mega dividendos da Petrobras".
"Na visão da FUP, a Petrobras precisa rever as regras que o mercado financeiro impôs à empresa e que acarretam um desequilíbrio de poder na condução da companhia e nas necessidades de investimentos."
(Por Marta Nogueira e Fábio Teixeira)