RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) está trabalhando para reduzir custos e se preparar para possíveis cenários de preços globais do petróleo na casa dos 50 dólares por barril, afirmou nesta sexta-feira o presidente da petroleira, Roberto Castello Branco, ao discursar em evento no Rio de Janeiro.
O executivo ressaltou que trabalhar com preços elevados é fácil, mas a empresa precisa estar preparada para diversos cenários, dada a volatilidade de preços do petróleo.
"Se a empresa não tem custos baixos, a única solução é ir a uma igreja, uma sinagoga, para pedir para o preço aumentar", disse o executivo, ao apresentar uma palestra na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ).
"Estamos nos preparando para viver bem com preço de 50 dólares, talvez até menos."
Os preços do petróleo Brent, referência internacional, estão atualmente ao redor de 58 dólares. Mas cotações já chegaram a recuar para abaixo de 30 dólares em meados de 2016, após um período de preços acima dos 100 dólares entre 2011 e 2014.
COMPERJ E RIO DE JANEIRO
A empresa planeja investir 54 bilhões de dólares em cinco anos no Rio de Janeiro, incluindo aportes que estão sendo empenhados nas obras do Comperj, em Itaboraí (RJ), onde se planejava no passado um grande complexo petroquímico, mas está em construção apenas uma planta de processamento de gás natural (UPGN).
Castello Branco reiterou que estão sendo empenhados 4 bilhões de dólares na finalização da UPGN do Comperj e do gasoduto Rota 3, que levará o insumo do pré-sal para a planta de processamento no empreendimento.
Atualmente, segundo o executivo, há 4.500 funcionários trabalhando em ambas as obras, sendo 90 por cento de empregados da região de Itaboraí. Para o próximo ano, esse número deverá atingir 7.500 pessoas.
Na semana passada, a diretora de Refino e Gás Natural, Anelise Lara, afirmou que a empresa está praticamente em fase de conclusão de um estudo de análise técnico-econômica sobre uma possível parceria para uma refinaria no Comperj com a chinesa CNPC.
O presidente da Petrobras, no entanto, disse que é cético em relação a um projeto nesse sentido. "Estamos em um negócio de vender refinarias e não de construir refinarias", afirmou ele, sobre um plano para o Comperj delineado na gestão anterior.
Por outro lado, destacou que há potencial de outros projetos no local, como uma usina termelétrica, o que segundo ele faria sentido para a Petrobras e para o Estado do Rio de Janeiro.
DESINVESTIMENTOS
O executivo reiterou seus planos de focar em exploração e produção de petróleo em águas profundas, desfazendo-se completamente da área de distribuição e transporte de gás, assim como de diversos outros ativos, como de produção e exploração em águas rasas e terra.
No caso de distribuição, ele afirmou que as vendas de ativos deverão ocorrer em blocos.
Nessa linha, o executivo declarou acreditar que há interesse da iniciativa privada de investir em logística, na construção de gasodutos. A afirmação vem em um momento em que o governo busca abrir o setor de distribuição e transporte de gás no país, com menor presença da Petrobras, atraindo investimentos privados com vistas à redução de preços.
Ele criticou ainda a proposta de um fundo estatal que tramita no Congresso para a construção de gasodutos, chamado de Brasduto.
"É um absurdo tirar esse dinheiro da educação das crianças para beneficiar alguns capitalistas", afirmou.
(Por Marta Nogueira)