LISBOA (Reuters) - O Banco de Portugal está investigando ex-administradores do Banco Espírito Santo (BES) (L:BES) sobre suspeita de emissões ilegais de dívida da instituição financeira para substituir dívida do Grupo Espírito Santo.
O presidente do Banco de Portugal, Carlos Costa, afirmou durante sessão de comissão parlamentar de inquérito que analisa o resgate do BES pelo Estado português em agosto que o banco central do país está examinando supostas perdas ocultadas pela holding Espírito Santo International.
Costa defendeu suas ações na crise do BES como oportuna e diligente e afirmou que a gestão do banco usou o esquema para ilegalmente contornar suas próprias diretivas em não aumentar a exposição do BES aos negócios da família Espírito Santo.
Criticado pela oposição por não ter detectado os problemas no BES a tempo, Costa afirmou que o fato da maior parte das empresas da holding Espírito Santo ser registrada fora de Portugal complicou a tarefa de supervisão do BES.
No final de agosto, a Reuters revelou a ampla cadeia de empréstimos do grupo Espírito Santo e outras tentativas de salvar o império da família que ignoro ordens do banco central português para que a alta administração parasse de misturar os assuntos do BES com os da família.
Costa disse que há "evidência sugerindo gestão enganosa e prejudicial pelo BES sobre as emissões e colocação de dívida do BES via vários movimentos feitos via um intermediário na Suíça".
Ele citou anteriormente a suíça Eurofin Securities como companhia ligada às colocações de dívida.
Estas operações foram feitas "para fazer uma maciça substituição da dívida do Grupo Espírito Santo por dívida do BES, contornando as medidas de salvaguarda (das contas do BES) impostas pelo Banco de Portugal", disse Costa.
O banco central esperava salvar o BES por meio de uma recapitalização privada. Mas um prejuízo de 3,6 bilhões de euros divulgado pelo banco no final de julho, que foi muito maior do que o esperado por causa da exposição da instituição aos negócios da família Espírito Santo, forçou autoridades portuguesas a intervir com um resgate de 4,9 bilhões de euros.
Um banco viável, chamado de Novo Banco, foi criado a partir do BES, que já foi o segundo maior de Portugal, enquanto os ativos tóxicos ficaram com a parte do BES que as autoridades esperam fechar gradualmente.
Até julho, o BES era conduzido pelo patriarca da família Ricardo Espírito Santo Salgado e por pessoas próximas do executivo. Salgado tem negado conhecimento de qualquer irregularidade.
(Por Sérgio Gonçalves)