BBAS3: Banco do Brasil sobe antes do balanço; hora da virada ou ajuste técnico?
SÃO PAULO (Reuters) - A produção de açúcar do centro-sul do Brasil na safra 2025/26 está estimada em 42,35 milhões de toneladas, aumento de 5,9% na comparação com o ciclo anterior, com usinas preferindo apostar mais no adoçante em detrimento do etanol, apontou nesta quarta-feira o presidente da consultoria Datagro, Plinio Nastari.
Essa maior destinação de cana para a produção do adoçante deve ocorrer em meio à expectativa de uma queda na moagem de 1,4% em 2025/26 para 612 milhões de toneladas, segundo cenário apresentado por Nastari em evento em Ribeirão Preto, que marca a abertura da nova safra.
O "mix" de cana para a produção de açúcar foi estimado em 51,5% do total, ante 48% na safra anterior, segundo expectativa da Datagro.
Além das chuvas abaixo do normal em janeiro e fevereiro no centro-sul, após precipitações abundantes no último trimestre do ano passado, Nastari citou a menor disponibilidade de cana deixada nos campos da safra anterior para explicar a redução na moagem esperada para 2025/26.
Ele ponderou ainda que a quantidade de cana disponível para 2025/26 (abril/março) vai depender das chuvas em março e abril.
"É fundamental monitorar o que vai acontecer com chuva até o final de março e abril, que são meses críticos para a construção da próxima safra", afirmou o presidente da Datagro.
A consultoria projeta chuvas próximas do normal em todo o centro-sul em março e na maioria das regiões em abril.
Nastari citou ainda que a moagem de 2025/26 contará com um volume menor de cana "bisada" --aquela que sobra da temporada anterior-- em relação ao ciclo passado.
Ele estimou que o setor terá apenas 6 milhões de toneladas de "cana bis" em 2025, versus 23,5 milhões de toneladas no ano passado.
Nastari citou que os estoques finais mais baixos de açúcar do centro-sul do Brasil em 2024/25 estão estimulando um início antecipado da moagem de cana em 2025/26. Ele afirmou que algumas usinas já começaram a moagem.
A Datagro estimou os estoques entre 1,2 milhão e 1,3 milhão de toneladas em 31 de março, contra 1,9 milhão de toneladas no mesmo período do ano passado, o que tem já se refletido em exportações menores antes do início da nova safra.
O mesmo vale para o etanol, cujos estoques do hidratado em 16 de fevereiro garantiam 49 dias de consumo, estimou a Datagro, apontando uma queda de 18,6% ante o mesmo período do ano passado, para 2,9 bilhões de litros.
Já os estoques de etanol anidro (usado na mistura da gasolina) somavam no mesmo período 2,17 bilhões de litros, queda de 12,6% na comparação anual.
ETANOL
Com uma menor moagem de cana esperada de etanol do centro-sul, a produção de etanol total (cana e milho) na safra 2025/26 deverá ter redução de 0,3%, para 34,71 bilhões de litros, segundo projeção da Datagro.
A queda só não será maior porque a produção de etanol de milho seguirá crescente, aumentando 24,5% na comparação com o ano anterior, para 10,16 bilhões de litros, com novos projetos e expansões entrando em operação.
A produção total de etanol hidratado cairá 2,2%, para 21,95 bilhões de litros, enquanto a de anidro aumentará 3,2%, para 12,76 bilhões de litros, segundo a Datagro.
A redução da produção do etanol hidratado acontece em meio a uma perda de competitividade na bomba em relação à gasolina, embora as vendas do biocombustível tenham se mantido fortes no início de fevereiro, notou a Datagro.
(Por Roberto Samora)