Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs com prazos mais curtos terminaram a quinta-feira em alta, mas distantes das máximas do dia, com o recuo firme do dólar ante o real pelo terceiro dia consecutivo compensando parte do impulso dado pelo avanço dos rendimentos dos Treasuries no exterior, após dados fortes do mercado de trabalho dos Estados Unidos.
Na ponta longa da curva a termo, as taxas encerraram praticamente estáveis.
No fim da tarde desta quarta-feira a taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 -- que reflete a política monetária no curtíssimo prazo -- estava em 10,69%, ante 10,681% do ajuste anterior. Já a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 11,58%, ante 11,514% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,705%, ante 11,66%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 11,84%, ante 11,842%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 11,82%, ante 11,837%.
Pela manhã, as taxas dos DIs apresentaram altas firmes, acima de 10 pontos-base em alguns vencimentos, após a divulgação de dados de auxílio-desemprego nos EUA.
O Departamento do Trabalho informou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego caíram em 17.000, para 233.000, na semana encerrada em 3 de agosto, na série com ajuste sazonal. Foi a maior queda em cerca de 11 meses. Economistas consultados pela Reuters previam 240.000 pedidos para a última semana.
A diminuição dos pedidos de auxílio indicou que a economia norte-americana pode não estar tão enfraquecida, o que afastou em parte os receios de uma recessão no curto prazo. Em reação, os rendimentos dos Treasuries avançaram, puxando as taxas dos DIs no Brasil.
Às 9h54, já após os dados norte-americanos, a taxa do DI para janeiro de 2027 -- um dos mais líquidos -- atingiu o pico de 11,79%, em alta de 13 pontos-base.
Ao longo do restante da sessão, porém, as taxas desaceleraram, se reaproximando da estabilidade em boa parte dos vencimentos. A queda firme do dólar ante o real -- superior a 1% em alguns momentos -- favoreceu o movimento.
“O câmbio tem sido olhado de perto em termos de repasse para a inflação. Tanto é que na ata (do último encontro do Copom) ficou claro que na assimetria altista para a inflação o câmbio é uma das variáveis que tem incomodado”, pontuou o gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado.
“A queda do dólar hoje fez com que nossa curva se descolasse um pouco do que está ocorrendo lá fora, onde a curva norte-americana está abrindo”, acrescentou.
No melhor momento do dia, às 14h42, a taxa do DI para janeiro de 2027 marcou 11,66%, estável ante o ajuste da véspera.
Perto do fechamento a curva brasileira precificava 48% de probabilidade de manutenção da Selic em 10,50% ao ano em setembro, na próxima reunião do Copom. A probabilidade de alta de 25 pontos-base era de 52%. Na prática, a curva voltou a precificar chances praticamente divididas para o próximo Copom. Na véspera os percentuais eram de 41% e 59%, respectivamente.
“É normal o mercado estar dividido neste momento, mas olhamos mais para a possibilidade de a Selic não ter alta este ano”, comentou Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
“Olhando para a questão macro, apostas maiores na alta da Selic só fariam sentido se o câmbio continuasse pressionado. E a gente tem agora essa perspectiva de queda de taxas de juros nos EUA, que impacta no câmbio”, acrescentou.
No exterior, no fim da tarde os rendimentos dos Treasuries seguiam em alta, em meio ao alívio trazido pelos números do mercado de trabalho. Às 16h41 o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 3 pontos-base, a 3,997%. O rendimento do Treasury de dois anos--que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo-- tinha alta de 4 pontos-base, a 4,04%.