EXCLUSIVO-Moraes diz que bancos podem ser punidos se aplicarem sanções dos EUA a ativos brasileiros
Investing.com - A semana no mercado financeiro foi volátil com os investidores definindo posições na antecipação de grandes eventos que estão por vir. Tanto no ambiente interno – na gangorra política do impeachment e da Lava Jato – quanto no front externo, as incertezas deram o tom dos mercados.
Na quarta-feira, o Fed se reúne para discutir os juros dos EUA. O olhar dos investidores não está voltado para a taxa em si – a expectativa majoritária é que permaneça nos 0,5% atuais –, mas sim para a declaração após a reunião, que poderá trazer novas pistas sobre o ritmo de elevação dos juros. Nas últimas semanas, os diretores do banco reafirmaram diversas vezes que há a disposição para realizar um aperto da política monetária, sem, contudo, definir prazos.
Dados da economia – especialmente a forte queda de geração de empregos – aumentaram as dúvidas se o Fed seguirá elevando juros ou se aguardará mais. Entre as grandes incertezas à frente do banco estão os impactos econômicos de uma possível saída Reino Unido da Europa, em votação marcada para o dia 23. Na próxima semana, os bancos da Inglaterra e do Japão também definem suas taxas de juros, com expectativa do mercado de manutenção dos patamares atuais de, respectivamente, 0,5% e -0,1%.
O pessimismo internacional afetou fortemente a bolsa nos dois últimos dias da semana, o que fez com que a bolsa recuasse 2,4%, retornando aos 49 mil pontos.
Os investidores locais também esperam novos passos do governo para indicar um caminho para solucionar a crise econômica. Nesta semana, o governo conseguiu aprovar a DRU na Câmara dos Deputados, mas ficou mais evidente que o pacote proposto pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, terá de ser suavizado para conseguir passar no Congresso. As notícias vindas do Planalto Central apontam que o limite de gastos do governo terá um prazo de três a cinco anos de duração, ao contrário do que planejava Meirelles.
A continuidade do bom andamento da base aliada do governo até agora esbarra no avanço da Lava Jato e da força do presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, de quem Temer ainda não se afastou publicamente. O Conselho de Ética adiou para a próxima semana a votação do relatório que pede a cassação de seu mandato em uma semana de intensa pressão sobre seus membros, após a expectativa de que Cunha poderá sair vitorioso no conselho ou no Plenário da casa, após manobras regimentais.
Na Justiça, contudo, o destino de Cunha parece mais definido. O ministro do STF, Teori Zavascki, liberou para a ordem do dia o julgamento de denúncia que investiga contas na Suíça. O ministro ainda tem sobre sua mesa o pedido do procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, que pede a prisão do deputado, assim como de Renan Calheiros, Romero Jucá e José Sarney. Esses últimos acusados de tentar interferir no andamento da Lava Jato, após a delação premiada e gravações de Sergio Machado, ex-senador e ex-presidente da Transpetro.
Dólar. A moeda fechou em baixa de 2,7% frente ao real nesta semana. Na quarta-feira, o dólar tocou os R$ 3,35, menor valor em quase um ano. O real amplificou o movimento internacional de desvalorização da divisa norte-americana com a ausência de intervenção do Banco Central e a aprovação e posse de Ilan Goldfajn para comandar o banco, no lugar de Alexandre Tombini.
Petrobras (SA:PETR4). A companhia já sobe o comando de Pedro Parente ganhou 3,5% na semana acompanhando a oscilação do petróleo no mercado internacional. Os trabalhadores da empresa realizaram uma greve de 24h contra a política de venda de ativos. Nesta semana, a companhia anunciou ter iniciado o procedimento para negociar a venda de terminais de GNL e de térmicas no Rio de Janeiro e no Ceará. A produção de maio subiu 6,2% após meses seguidos de baixa por paradas para manutenção.
Vale (SA:VALE5). A mineradora figurou entre as principais baixas da semana no Ibovespa, especialmente em suas ações ordinárias VALE3 (SA:VALE3), com -7%. O banco Goldman Sachs iniciou a avaliação dos papéis da mineradora negociados nos EUA e projetou preço-alvo até 10% menor do que o praticado. Segundo o banco, não há razão para que as ON valham mais do que as PN. A Polícia Federal concluiu inquérito e indiciou a Samarco, Vale e oito pessoas pelo desastre de Mariana. No início da semana, a Vale foi ao mercado internacional e captou US$ 1,5 bilhão em títulos de cinco anos a 5,785%.
Estácio (SA:ESTC3). A aquisição da empresa pela Kroton (SA:KROT3) ganhou novos capítulos nesta semana com a proposta da Ser Educacional de se unir à Estácio. Enquanto na primeira opção, a empresa seria absorvida pela Kroton, a proposta da Ser prevê que os acionistas da Estácio serão majoritários na sociedade final.
Eletrobras (SA:ELET3). O drama que envolve a estatal de energia prosseguiu por mais uma semana. A situação da empresa é grave e o governo prepara uma venda de ativos para não precisar capitalizar a empresa. No início da semana, a Aneel barrou repasse de R$ 1 bilhão para empréstimos às distribuidoras do grupo.
Embraer (SA:EMBR3). A empresa surpreendeu o mercado com a troca de seu CEO em um momento crítico. O vice-presidente-executivo de aviação comercial, Paulo César de Souza e Silva, assume no lugar de Frederico Curado, há nove anos no cargo.
Smiles (SA:SMLE3) e Gol. A Smiles ficou com a segunda maior alta da semana do Ibovespa, com ganhos de 6,8%, impulsionados com a aprovação de MP na Câmara que libera a participação de até 49% de capital estrangeiro nas aéreas. Fora do Ibovespa, a Gol ganhou 9%, apesar de queda de 8% na sexta-feira.
Commodities
Petróleo. A commodity ganhou força no início da semana e bateu sucessivamente os patamares recordes em quase um ano com a desvalorização do dólar e as interrupções no fornecimento, especialmente na Nigéria. No fim da semana, o panorama virou com o pessimismo global e sinais indicando que os EUA podem aumentar sua produção com o petróleo no patamar atual. Pela segunda semana consecutiva, aumentou o número de sondas em atividade e a produção do país subiu discretamente, interrompendo sequência de dois meses de queda.
Aço. O consumo brasileiro recuou 35,4% de janeiro a maio na comparação anual e fez as empresas do setor revisarem para baixo suas expectativas. No mercado global, os EUA informaram que a China concordou em reduzir sua capacidade instalada fechando estatais deficitárias.
Milho. A seca nos últimos meses e as geadas nesta semana abalaram a segunda safra de milho do ano e fez com que a Céleres reduzisse em 6% sua expectativa de colheita.
Café. O clima adverso também atingiu as lavouras de café com chuvas nas regiões produtoras de arábica e seca nas de robusta, o que puxou as cotações no exterior. A exportação caiu 17% em maio.
Soja. A Conab passou a prever a primeira queda anual na produção de soja em quatro anos. A USDA manteve suas previsões, mas reduziu sua expectativa de exportação.
Indicadores
Selic. O Banco Central decidiu manter inalteradas em 14,25% a taxa de juros, na última reunião do Copom comandada por Alexandre Tombini.
Inflação. O IPCA acelerou em maio e fechou o mês a 0,78%. O IGP-M avançou 1,12% na primeira prévia de junho e o IGP-DI teve alta de 1,13% em maio.
Cimento. A venda de cimento caiu 15,2% em maio na comparação anual.
Veículo. As vendas subiram 3,2% em maio frente a abril.
PIB. O PIB do Japão foi revisado para 0,5% e o da Zona do Euro, para 0,6%. A Turquia cresceu 4,8%.