Investing.com - A política deu novamente o tom da semana com avanços da oposição na formação da Comissão do Impeachment na Câmara dos Deputados e o afastamento do PMDB do governo Dilma. Em votação secreta, a chapa oposicionista venceu e indicará a maioria de comissão que decidirá o futuro da presidente. A manobra regimental de Eduardo Cunha para ocultar os votos foi contestada no STF, que decidiu por suspender o processo até a análise do Plenário da Corte na próxima quarta-feira.
Cunha também conseguiu adiar a apreciação do seu caso na Comissão de Ética. Por decisão do vice-presidente da Casa, o relator do processo foi afastado em sessão tensa. O novo relator da matéria afirmou que fará alterações no relatório, que deverá ser apresentado no início da próxima semana e o caso fica para ser decidido em 2016.
A complicada relação do PMDB com o governo piorou nesta semana com o vazamento de carta do vice-presidente da República, Michel Temer, à Dilma, na qual afirma que ele e seu partido nunca contaram com a confiança da presidente. Após repercussão ruim para os dois lados, Dilma e Temer conversaram e anunciaram que irão manter relações institucionais. Na Câmara, o PMDB trocou sua liderança de Leonardo Picianni (PMDB-RJ) para o Leonardo Quintão (PMDB-MG), mais favorável a Cunha e ao impeachment.
Mercado
Ibovespa. A bolsa brasileira oscilou fortemente nesta semana com as notícias vindo de Brasília. Na quarta-feira (9/12), após a vitória da oposição na comissão do impeachment, o Ibovespa subiu 3,75%, após sequência de três dias de queda. O viés negativo retornou nos últimos dois dias com a paralisação do impeachment, cenário externo, informações sobre taxação de LCA e LCI e a ameaça do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, de abandonar o cargo caso a meta fiscal não permaneça em 0,7% do PIB. A presidente Dilma afirmou que a meta ainda está sendo debatida. Na semana, o Ibovespa caiu 0,22%, fechando a 45.262,72 pontos.
Dólar. A moeda também acompanhou a política e caiu para a mínima de R$ 3,73 na quarta-feira. Na semana, contudo, a moeda valorizou 3,23% frente ao real e fechou a R$ 3,87.
Moody’s. A semana também foi marcada pela revisão do rating soberano e das empresas do país. A agência colocou a nota da dívida nacional em revisão, apontando para a perda do grau de investimento. A Petrobras (SA:PETR4) e a Vale foram rebaixadas.
Petrobras e Banco do Brasil. Com a euforia nas bolsas após a derrota governista na Câmara, o mercado apostou em uma alta nas ações das estatais. A Petrobras (SA:PETR4) subiu 7,3% na quarta-feira e o Banco do Brasil (SA:BBAS3) , 10,07%. As ações cederam nos dias seguintes e a petroleira fechou a semana com queda de 3,59%, aos R$ 7,25. O banco garantiu o resultado positivo e avançou 1,91% aos R$ 17,65.
A Petrobras também encerrou as disputas com a Braskem (SA:BRKM5) sobre o preço da nafta. O acordo será assinado no dia 15 de novembro. A petroleira também estaria oferecendo uma fatia de 10% dos 40% que possui em Libra, megacampo do pré-sal, e conta com bons resultados nas vendas de combustível.
Vale. A mineradora seguiu sofrendo na bolsa essa semana. Apesar de ganhos expressivos na quarta-feira e quinta-feira, a ação da empresa fechou em queda de 4%. É a nona semana consecutiva de queda nas ações, coincidindo com o vazamento de lama de sua controlada Samarco, em Minas Gerais. Desde então, os papéis da Vale (SA:VALE5) caíram de R$ 15,87 para R$ 9,59 (-39,5%), no fechamento desta sexta-feira.
A empresa concluiu a venda de quatro megacargueiros para consórcio liderado por chinesa e anunciou que o MP/MG entrou com ação pelo vazamento em Minas Gerais.
BTG Pactual (SA:BBTG11). O banco segue se movimentando para sair da crise que teve início com a prisão do ex-CEO André Esteves. Nesta semana, o BTG anunciou que criou uma comissão independente para investigar as ações do executivo e recebeu R$ 2 bilhões de empréstimo de R$ 6 bilhões com o FGC.
TIM. O CEO da companhia afirmou não estar em negociação com a Oi. A operação de fusão das duas telefônicas está sendo investigada pelo TCU.
Fusão. As duas gigantes de química Dupont e Dow Chemical confirmaram negociação para formar empresa de US$ 130 bilhões.
Política
Lava Jato. A Polícia Federal deflagrou nova operação que ataca a corrupção nas obras da transposição das águas do São Francisco.
Lula. A PF também decidiu intimar o ex-presidente Lula a depor em a investigação sobre seu filho no caso de compra de medidas provisórias no seu governo.
Commodites
Petróleo. A cotação da commodity sofreu nesta semana com a decisão da Opep de elevar o teto de produção dos países membros. A organização também anunciou aumento da extração de petróleo, no maior volume desde abril de 2012. O Brent perdeu 12% na semana e era cotado a US$ 37,83 nesta sexta-feira. Os futuros do petróleo nos EUA caíram 11,4% e eram negociados a US$ 35,42/b.
Minério. Mais incertezas em relação à economia chinesa fizeram a commodity cair para US$ 37/t nesta semana.
Ouro. O metal precioso recuou na expectativa para o aumento das taxas de juro nos EUA na próxima semana.
Energia. O ONS estima que a carga do sistema elétrico integrado nacional caia 1,8% em 2015, com a desaceleração da economia. Leilão de energia existente (A-1) negociou 1.954 MW médios, com deságio de 1,27%.
Frango. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) estima que o embarque de carne de frango do Brasil cresça entre 3% e 5% em 2016, com 4,26 milhões de toneladas. A China deu aval para nove unidades de exportação de frango e três de carne suína.
Carne. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) prevê exportação de 1,76 milhão de toneladas de carne em 2016, alta de 26%, gerando US$ 7,5 bilhões em divisas.
Café. A exportação de café do Brasil atingiu 3,37 milhões de sacas de 60 kg em novembro, recorde para o mês.
Soja. A Conab elevou a previsão da colheita de soja para 102,5 milhões de toneladas. Para 2016, contudo, os produtores preveem um ano difícil.
Concessões
Portos. O governo leilou áreas em portos e arrecadou R$ 1,4 bilhão, assegurando investimentos de R$ 600 milhões. Luois Dreyfus, Cargill e Fibria (SA:FIBR3) arremataram áreas em Santos. O governo retirou da concorrência o paraense Vila do Conde por falta de interessados.
Campos maduros. O leilão de cinco áreas de petróleo surpreendeu e arrecadou R$ 4,25 milhões em bônus.
Indicadores
Inflação. O IPCA subiu 1,01 em novembro e rompeu a casa dos dois dígitos em 12 meses, o que não ocorria desde 2003. O IGP-DI desacelerou para 1,19% em novembro. O IPC-S acelerou para 1,21% na primeira quadrissemana de dezembro e o IGP-M caiu para 0,44% na primeira prévia de dezembro.
Papel ondulado. As vendas caíram 4,11% em novembro ante mesmo mês do ano passado. Na comparação com outubro, as vendas recuaram 6,49%.
PIB Euro. A Zona do Euro cresceu 0,3% no terceiro trimestre.
PIB Turquia. O país avançou 4%.
PIB Japão. A terceira maior economia do mundo aumentou em 0,2%.
Mundiais
Argentina. O novo presidente Maurício Macri tomou posse nesta semana. No desafio de recuperar a economia do país, o governo negocia linha de crédito de US$ 7 bilhões com bancos e poderá cortar as taxas de exportação de grãos na próxima semana. Macri recuou da proposta de retirar a Venezuela do Mercosul.
Venezuela. O chavismo sofre uma forte derrota nas eleições legislativas, vencidas com larga diferença pela oposição.
COP21. Ficou para sábado (12/12) a aprovação de acordo definitivo para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Segundo cálculos preliminares, as negociações melhoram em apenas meio grau o aquecimento.
Trump. O candidato a disputar a presidência dos Estados Unidos pelo Partido Republicano defendeu barrar a entrada de muçulmanos no país para combater o terrorismo. A proposta foi criticada por diversas organizações e políticos, inclusive dentro de seu partido.
Síria. A retórica na guerra no país ganhou novas etapas nesta semana com a denúncia dos EUA de que o petróleo explorado pelo Estado Islamico é vendido para o governo do país, comandando por Basshar Al-Saad. O presidente refutou a ideia de negociar um acordo de paz “com terroristas”. O EI promoveu um ataque triplo com caminhão-bomba em áreas controladas pelos curdos.