Por Louise Rasmussen e Ron Bousso e Nerijus Adomaitis
COPENHAGUE/LONDRES/OSLO (Reuters) - A Shell (NYSE:SHEL) e a norueguesa Equinor irão fundir seus ativos no Mar do Norte britânico para formar a maior empresa de petróleo e gás da bacia em processo de envelhecimento, informaram as duas empresas nesta quinta-feira.
A joint venture 50-50, a ser sediada em Aberdeen, Escócia, permitirá que as companhias combinem recursos e investimentos, com cortes de custos e uma melhor posição fiscal, aumentando a lucratividade dos ativos.
"A nova empresa (...) proporcionará um futuro sustentável de longo prazo para campos e plataformas individuais de petróleo e gás, ajudando a prolongar a vida útil desse setor crucial para o benefício do Reino Unido", disseram a Shell e a Equinor em um comunicado.
A expectativa é de que a produção combinada aumente para 200.000-220.000 barris de óleo equivalente por dia (boed) nos próximos cinco anos -- ante mais de 140.000 em 2025 --, conforme a entrada em operação de novos projetos, incluindo o gigantesco desenvolvimento de petróleo Rosebank, disse à Reuters Philippe Mathieu, chefe de produção internacional de petróleo e gás da Equinor.
A Shell foi pioneira no Mar do Norte, produzindo gás no campo de Leman em 1968, três anos antes de descobrir o campo petrolífero de Brent, que se tornou um dos campos mais importantes da bacia, homônimo da referência global de petróleo.
A nova empresa seria a maior produtora independente do Mar do Norte britânico, mas não há intenção de realizar uma oferta pública inicial de ações, disse a repórteres Zoe Yujnovich, diretora de Upstream da Shell, acrescentando que a JV emitirá sua própria dívida.
Empresas petrolíferas têm deixado gradualmente a bacia britânica do Mar do Norte nas últimas décadas, com a produção caindo de um pico de 4,4 milhões de boed no início do milênio para cerca de 1,3 milhão de boed atualmente.
A imposição de um imposto sobre lucros extraordinários pelo governo britânico aos produtores do Mar do Norte, após um aumento nos custos de energia em 2022, pressionou-os ainda mais a reduzir os investimentos e a sair da bacia.
A Equinor, que atualmente produz cerca de 38.000 boed por dia na Grã-Bretanha, está desenvolvendo o campo de petróleo de Rosebank, um dos últimos grandes reservatórios de petróleo conhecidos no Reino Unido, enquanto a Shell, com produção no Reino Unido de mais de 100.000 boed, está desenvolvendo o campo de gás de Jackdaw.
Outros grupos petrolíferos formaram empreendimentos no Mar do Norte nos últimos anos, incluindo a Eni e a Ithaca Energy (LON:ITH) na Grã-Bretanha este ano e a criação em 2016 da Aker BP na Noruega.
"Há uma lógica industrial muito forte para fazer isso. Estamos nos ajustando à realidade industrial da plataforma madura do Reino Unido", disse Mathieu, da Equinor, confirmando que a JV se beneficiaria dos prejuízos fiscais.
A nova empresa incluirá as participações da Equinor nos campos de Mariner, Rosebank e Buzzard, e as participações da Shell em Shearwater, Penguins, Gannet, Nelson, Pierce, Jackdaw, Victory, Clair e Schiehallion, informou o grupo norueguês.
Uma série de licenças de exploração também fará parte da transação.
A Equinor manterá a propriedade dos ativos transfronteiriços de Utgard, Barnacle e Statfjord entre a Noruega e o Reino Unido, bem como seu portfólio de energia eólica offshore, incluindo Sheringham Shoal, Dudgeon, Hywind Scotland e Dogger Bank, disse.
A Equinor também manterá seus ativos de hidrogênio, captura e armazenamento de carbono, geração de energia, armazenamento de baterias e armazenamento de gás.
A Shell manterá suas participações na planta Fife NGL, no Terminal de Gás St Fergus e nos projetos eólicos flutuantes em desenvolvimento, MarramWind e CampionWind.
(Reportagem de Louise Breusch Rasmussen em Copenhague, Ron Bousso em Londres e Nerijus Adomaitis em Oslo)