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Siderúrgicas querem que governo desista de imposto menor na importação de vergalhão

Publicado 10.05.2022, 16:49
Atualizado 10.05.2022, 18:56
© Reuters. Armazém de siderúrgica na China
26/08/2016
REUTERS/Tyrone Siu
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SÃO PAULO (Reuters) - Produtores de aço reuniram-se nesta terça-feira com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para tentar convencer o governo a ignorar o pleito do setor da construção civil pela redução do imposto de importação de vergalhões, disse a entidade que representa as siderúrgicas do país, Aço Brasil.

Na véspera, fonte com conhecimento do assunto afirmou que o governo federal avaliava zerar o imposto de importação que incide sobre 11 produtos alimentícios e do setor de construção, "incluindo o aço".

Mas na tarde desta terça-feira, executivos do Aço Brasil afirmaram, após reunião com Guedes, que a discussão no governo sobre o imposto de importação envolve apenas o vergalhão e que se trata de redução de 10,8% para 4% até o final deste ano.

Segundo a entidade, o Brasil é um dos países que menos reajustaram o preço do vergalhão nos últimos 12 meses e que os consumidores do produto, notadamente empresas do setor da construção civil, estão abastecidos desde meados do ano passado.

O presidente do Aço Brasil, Marcos Eduardo Faraco, que também é executivo da Gerdau (SA:GGBR4), afirmou que a decisão sobre o imposto é esperada para a quarta-feira.

"A expectativa é que o governo não acolha o pleito (pela redução do imposto) e que reverta essa orientação", disse Faraco, a jornalistas.

As ações de siderúrgicas tiveram forte queda, inclusive as da Usiminas (SA:USIM5), focada no mercado de aços planos e que não produz vergalhão. Após os comentários do Aço Brasil, a ação da Usiminas reduziu perdas que chegaram perto de 10% e fecharam em queda de 6,8%.

Já a ação da Gerdau perdeu 4,4%. CSN (SA:CSNA3), que na semana passada que elevou seus preços de aços longos em 12% no início de maio, perdeu 5,8%.

O presidente-executivo do Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, afirmou que o pleito para redução do imposto partiu de segmentos da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) que lidam com projetos voltados ao programa habitacional Casa Verde Amarela, voltado para a baixa renda e que tem menos flexibilidade para se ajustar à alta dos custos.

"Na reunião, o ministro (Guedes) esclareceu de forma transparente que está recebendo pressão intensa por parte da indústria da construção civil ligada ao Casa Verde e Amarela, que trouxeram informações que não procedem", disse Lopes.

O presidente da Cbic, José Carlos Martins, afirmou em nota que "o aumento do custo da construção, muitas vezes puxada pelo aço, impede hoje o acesso de milhares de famílias à casa própria, a locais de atendimento de saúde, à infraestrutura urbana".

"Ou damos um choque de oferta ou os brasileiros continuarão com acesso precário a moradias e a tantas outras coisas", acrescentou. Martins afirmou que estudo realizado pela Cbic mostra que em uma habitação, um terço do aumento de custos "teve um único componente, o aço".

Segundo Faraco, o preço do vergalhão brasileiro nos últimos 12 meses subiu 45%, um dos menores índices de reajuste do mundo. Nesse período, disse ele, o preço do vergalhão na Europa subiu 129%, nos Estados Unidos avançou 78% e no México cresceu 79%.

"Não faz nenhum sentido essa discussão que está sendo trazida agora", disse Faraco. Ele afirmou que o aço é responsável por 3% a 5% dos custos de uma construção.

Em março, o Brasil importou 243,8 mil toneladas de aço, uma queda de 39% ano a ano. No acumulado do primeiro trimestre, há queda de 21%, para um total de 836,8 mil toneladas, segundo dados da Secretaria Especial de Comércio Exterior do Ministério da Economia citados em relatório mais recente do Aço Brasil.

Segundo os dados da entidade, o principal país de origem do aço importado pelo Brasil é a China, que forneceu 468,7 mil toneladas no primeiro trimestre, alta de 30% sobre um ano antes.

© Reuters. Armazém de siderúrgica na China
26/08/2016
REUTERS/Tyrone Siu

Considerando apenas vergalhões, as importações no acumulado do primeiro trimestre somam 35,6 mil toneladas, queda de 25,7% ante mesmo período de 2021.

Faraco citou que atualmente o Brasil conta com mais de 9 mil canteiros de obras formais ativos, um crescimento de 80% em relação aos últimos dois anos.

(Por Alberto Alerigi Jr.)

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