Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A SLC Agrícola (SA:SLCE3) já fechou em condições favoráveis "praticamente" todas as compras de insumos necessários para a safra 2021/22, que começa a ser plantada em setembro, e prevê a manutenção das margens "espetaculares" vistas em 2020/21, considerando que os preços de commodities como soja e milho estão sustentados, disse presidente-executivo de uma das maiores produtoras agrícolas do Brasil nesta sexta-feira.
Segundo Aurélio Pavinato, a produção de grãos e oleaginosas vendida antecipadamente para a safra 21/22 aponta preços superiores ante a safra passada, em percentuais que já incorporam a produção das áreas arrendadas da Terra Santa e Agrícola Xingu --com esses arrendamentos, a área plantada da SLC aumentará 40%, para 660 mil hectares.
Segundo ele, como boa parte dos fertilizantes foram comprados antes da alta de preços do insumo, o aumento de custo em 2021/22 "será pequeno" em comparação com a colheita deste ano.
"Como temos aumento de preços para a safra 21/22 em relação à safra atual... as margens que temos tido na safra atual (20/21) são espectaculares, e a expectativa é de mantermos esses patamares de margens para a safra 21/22", declarou em teleconferência para comentar resultados trimestrais.
A SLC mais que dobrou o seu lucro líquido no segundo trimestre, a 447,2 milhões de reais, conforme informado na véspera. A margem líquida da operação agrícola foi de 42,8%, versus 34,9% no mesmo período do ano passado.
Questionado por analista sobre problemas em entregas de fertilizantes, em ano em que importações dispararam, Pavinato afirmou que a companhia não foi afetada e não terá nenhuma limitação para começar a plantar no próximo mês, destacando que a antecipação de compras da companhia, que já adquiriu 80% do potássio para daqui a dois anos (safra 2022/23) age como proteção.
O executivo também respondeu questão sobre perspectivas de clima, e destacou que a perspectiva de La Niña fraco, tendendo a neutro para a próxima temporada, traz um cenário "favorável" para a operação da empresa, situada no Cerrado, que geralmente não é afetado pelo fenômeno.
"O que acontece em anos de La Niña é que falta chuva no Sul do Brasil e Argentina, o que acaba sendo favorável para o nosso negócio, porque provoca aumento de preços em função de quebra de safra no Sul e na Argentina", frisou.
Ele pontuou também que a companhia não tem interesse em vender áreas agrícolas e seguirá trabalhando com arrendamentos, já que o ativo tende a se valorizar nos próximos anos diante da crescente demanda global por alimentos e da "escassez de terras em novas fronteiras agrícolas".
Ele avaliou também como adequada a fatia de terras próprias da companhia, que está em torno de 36-37% do total cultivado.