Investing.com - O mercado de ações pode enfrentar um tombo de mais de 25% no próximo ano, segundo a BCA Research. A consultoria atribui o risco à alta prolongada das taxas de juros, que prejudica a atividade econômica e pode levar os Estados Unidos a uma recessão.
Embora as expectativas tenham melhorado com a proximidade do fim do ano, os EUA ainda não escaparam do risco de recessão, que pode ter impactos negativos para o mercado acionário no curto prazo.
“A recessão nos Estados Unidos e na zona do euro foi postergada este ano, mas não afastada. Os mercados desenvolvidos (DM) ainda caminham para a recessão, a menos que haja um alívio expressivo da política monetária. Portanto, o equilíbrio risco/recompensa é muito desfavorável para as ações”, disseram os estrategistas.
Se a economia entrar em recessão, o S&P 500 pode cair até 3.300 pontos, o que representaria uma queda de 27% em relação aos níveis atuais do índice, projetaram os estrategistas.
Um recuo tão forte marcaria o pior ano para os investidores desde 2008, quando o índice de referência despencou 38% após a grande crise financeira.
Esse cenário também pode se concretizar no próximo ano, já que uma recessão é esperada para meados de 2024, a menos que o Fed tenha motivos para relaxar “consideravelmente” sua política monetária. No entanto, isso é improvável, pois a inflação provavelmente não cederá rápido o suficiente:
“Continuamos no campo da desinflação, mas achamos que a inflação não recuará suficientemente rápido para que o Fed e o BCE cortem suas taxas a tempo de evitar um aumento significativo do desemprego”, afirmaram os estrategistas. "A menos que haja uma recessão iminente ou uma queda abrupta da inflação, é improvável que o Fed corte suas taxas antes do próximo verão.
Economistas têm alertado para uma recessão potencial desde 2022, quando os bancos centrais começaram a elevar agressivamente as taxas de juros para conter uma inflação elevada. Taxas mais altas podem levar a um aperto excessivo das condições financeiras e empurrar a economia para uma recessão - e os efeitos das altas de juros do Fed já começam a mostrar vários sinais de alerta na economia.
As condições de crédito estão se apertando sob o efeito de taxas de juros mais altas e prolongadas, levando alguns analistas a alertar para um ciclo de calotes no horizonte.
“Rachaduras” também parecem estar se formando no mercado de trabalho, com as empresas reduzindo seu ritmo de contratação, segundo os estrategistas da BCA. Os EUA criaram 150.000 empregos em outubro, bem menos do que os 297.000 empregos criados no mês anterior.
Os consumidores americanos também parecem estar perdendo o fôlego após um verão local de consumo intenso. Embora as vendas da “Black Friday” tenham batido recordes, as famílias têm se sustentado com seu excesso de poupança formado na pandemia, e as vendas no varejo de outubro registraram sua primeira queda em sete meses - um possível sinal de que um arrefecimento do consumo está no horizonte, segundo alguns estrategistas.
No entanto, o ânimo dos investidores melhorou nas últimas semanas, com as ações seguindo em alta e os mercados antecipando que o Fed reduza as taxas de juros no próximo ano. Um cenário econômico favorável poderia levar o S&P 500 a bater um novo recorde em 2024, previram recentemente o Deutsche Bank (ETR:DBKGn), o Bank of America (NYSE:BAC) e o RBC Capital Markets.