SÃO PAULO (Reuters) - A moagem de cana do centro-sul do Brasil deverá crescer 6,2% na comparação com a temporada anterior, para 592,1 milhões de toneladas, com o total se aproximando de um recorde produtivo, estimou nesta segunda-feira a consultoria StoneX, que elevou sua projeção na comparação com número de janeiro (588,2 milhões de toneladas).
Conforme relatório da consultoria, as condições climáticas estão melhores para os canaviais da principal região produtora do Brasil, após a gradativa redução da intensidade de ocorrência do La Niña.
"As condições climáticas começaram a melhorar para os canaviais brasileiros, e o último trimestre de 2021 voltou a registrar um aumento considerável nas precipitações da região, cenário que perdurou durante o ano de 2022. Sendo assim, o mercado sucroenergético mantém o otimismo evidenciado na safra atual para o próximo ciclo, que terá início no segundo trimestre de 2023", disse.
A consultoria disse que elevou suas estimativas de produtividade em relação ao valor projetado no relatório de janeiro. Sendo assim, o TCH (Tonelada de Cana por Hectare) estimado para a safra 2023/24 ficou em 76,7 t/ha, crescimento de 5,0% em relação ao projetado para a safra 2022/23.
"Além disso, considerando um atraso na colheita do ciclo corrente, devido ao excesso de chuvas que incidiram na região no terceiro trimestre de 2022, estima-se um crescimento de 1,9% na área a ser colhida, totalizando 7,77 milhões de hectares", destacou a consultoria.
Essa área da safra e as melhores produtividades permitirão que o total processado fique perto do recorde produtivo da região, que ocorreu no ciclo 2020/21, quando o setor registrou um processamento de 605,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.
A StoneX estima que as usinas do centro-sul destinarão 46,7% da cana para a produção de açúcar, alta de quase 1 ponto percentual na comparação com a temporada anterior. Em relação à estimativa de janeiro, a alta é de 0,7 ponto percentual.
Isso se deve a um cenário internacional registrando valorizações "constantes" para o preço do açúcar, "em função de estoques mais apertados em toda a cadeia global da commodity".
A conjuntura, disse a StoneX, promove uma larga vantagem do adoçante na paridade com o etanol, "uma vez que o biocombustível, desde meados de 2022, tem tido a sua demanda prejudicada em função da baixa competitividade com a gasolina".
Dessa forma, a partir da atualização dos dados de moagem e mix produtivo, a oferta de açúcar pelo centro-sul em 2023/24 deve totalizar 36,8 milhões de toneladas (+7,2% ante 2022/23), com aumento de 800 mil toneladas ante a previsão de janeiro.
Já a destilação de etanol de cana é estimada em 25,8 bilhões de litros (+3,5% na comparação anual), mas ligeira queda ante a projeção de janeiro.
(Por Roberto Samora)