SÃO PAULO (Reuters) - A criação da maior produtora de celulose de eucalipto do mundo, oriunda da incorporação da Fibria (SA:FIBR3) pela Suzano (SA:SUZB3), foi aprovada pela União Europeia, afirmaram as empresas nesta quinta-feira, liberando-as para marcarem a conclusão do processo de formação do grupo para 14 de janeiro.
Como consequência, o contrato de fornecimento de celulose produzida pela Klabin (SA:KLBN11) para a Fibria será interrompido, uma condicionante imposta pelo bloco de países para aprovar a operação, informaram as companhias.
Em comunicado, a Comissão Europeia afirmou que o encerramento do contrato com a Klabin elimina em relação à fusão. "A solução proposta reduz a capacidade total e as vendas da entidade resultante da fusão, e assegura que os volumes de BEKP (celulose de fibra curta) da Klabin, atualmente vendidos pela Fibria, não estarão sob o controle da entidade resultante da fusão", afirmou a Comissão Europeia.
A capacidade conjunta anual de produção de Suzano e Fibria será de 11 milhões de toneladas de celulose de mercado e 1,4 milhão de toneladas de papel. O grupo terá cerca de 37 mil empregados diretos e indiretos e 11 fábricas. As duas juntas tiveram 10,1 bilhões de reais em geração operacional de caixa e 24,5 bilhões em receita líquida de janeiro a setembro deste ano.
A ação da Suzano tinha alta de 2 por cento e a da Fibria tinha ganho de 1 por cento, às 13h54 (horário de Brasília).
Procuradas, as empresas não informaram como substituirão o contrato de fornecimento de celulose da Klabin, acertado em 2015 e com vigência de seis anos. O acordo previa fornecimento mínimo de 900 mil toneladas anuais de celulose para a Fibria.
Já a Klabin afirmou que vai optar por vender ela mesma o insumo antes vendido à Fibria. "Muitos compradores de BEKP já mantêm relacionamento direto com a Klabin", afirmou a companhia, que além de celulose produz papelão para embalagens.
"A Klabin conta com adequada estrutura comercial, logística (...) e com esse passo firma-se como um fornecedor independente e competitivo também no mercado internacional", adicionou.
Em relatório, o Itaú BBA afirmou que a aprovação da Comissão Européia é positiva, uma vez que o acordo foi aprovado por todas as autoridades antitruste sem restrição maior.
"Mas é importante ressaltar que a rescisão antecipada do contrato da Klabin terá um impacto de capital de giro negativo para a Suzano/Fibria de 700 milhões de dólares", afirmaram os analistas do Itaú BBA.
(Por Alberto Alerigi Jr.)