Por Fabrício de Castro
SÃO PAULO, 27 Abr (Reuters) - Em um dia de otimismo no exterior, as taxas dos contratos futuros de juros com prazos mais longos fecharam em baixa no Brasil, com investidores retirando prêmios da curva a termo, enquanto as taxas de vencimentos curtos encerraram em alta após a divulgação de dados positivos do emprego formal no Brasil.
Desde cedo, investidores demonstravam otimismo ao redor do mundo, após companhias como a norte-americana Meta (NASDAQ:META), responsável pelo Facebook, os bancos europeus Deutsche Bank (ETR:DBKGn) e Barclays (LON:BARC) e a seguradora chinesa Ping An Insurance Group divulgarem balanços considerados positivos.
Neste cenário, investidores foram em busca de ativos de maior risco, como ações e moedas de países emergentes, e os impactos também forem sentidos no mercado de juros.
“O otimismo que está prevalecendo lá fora e que também toma conta dos ativos domésticos está favorecendo a queda das taxas na ponta longa. Ou seja, está havendo redução do prêmio de risco na parte longa, justamente onde o investidor estrangeiro opera mais”, avaliou o economista da BlueLine Asset Management, Flavio Serrano.
Entre os vértices de prazo mais curto, a tendência também foi de baixa em boa parte da sessão, mas a divulgação dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), no início da tarde, alterou a conjuntura.
O Ministério do Trabalho e Emprego informou que o Brasil gerou 195.171 vagas de emprego formal em março, bem acima das 100.000 vagas projetadas em pesquisa Reuters com economistas.
A surpresa com o número trouxe a ideia de que o mercado de trabalho está mais aquecido que o anteriormente estimado, o que impacta a inflação, elevando a percepção de que o Banco Central tem menos espaço para cortar a taxa básica Selic no curto prazo.
No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 13,23%, ante 13,22% do ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,9%, ante 11,847%. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 11,605%, ante 11,586% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,675%, ante 11,707%.
Perto do fechamento, a curva a termo precificava 4% de chances de o Banco Central reduzir a Selic em 0,25 ponto porcentual no encontro de política monetária de maio e 96% de probabilidade de ele manter a taxa em 13,75% ao ano.
Durante a tarde, o Tesouro Nacional divulgou que o governo central, composto por Tesouro, BC e Previdência Social, registrou déficit primário de 7,085 bilhões de reais em março. O resultado veio pior que a expectativa do mercado, de acordo com pesquisa da Reuters, que apontava para déficit de 3,725 bilhões de reais no mês.
No exterior, os rendimentos dos Treasuries subiam neste fim de tarde, com investidores em busca de ativos de maior risco, como ações.
Às 16:52 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 10,00 pontos-base, a 3,53%.