Taxas dos DIs sobem puxadas por Treasuries longos após Trump ameaçar demissão de Powell

Publicado 16.07.2025, 17:13
Atualizado 16.07.2025, 17:15
© Reuters.

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a quarta-feira com altas no Brasil, impulsionadas pelo avanço dos rendimentos dos Treasuries de longo prazo após notícias de que o presidente dos EUA, Donald Trump, poderia demitir o chair do Federal Reserve, Jerome Powell.

As incertezas trazidas pela tarifação de 50% dos produtos brasileiros pelos Estados Unidos também seguiram permeando os negócios, com a recuperação da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva dando certa sustentação aos prêmios, conforme alguns profissionais.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2027 estava em 14,365%, ante o ajuste de 14,356% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2028 marcava 13,75%, ante o ajuste de 13,724%.

Entre os contratos longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,87%, ante 13,812% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,95%, ante 13,89%.

Pela manhã, a CBS e a Bloomberg informaram que Trump havia indicado a um grupo de republicanos da Câmara que demitiria Powell. A ameaça de substituição do chair do Fed fez os rendimentos de curto prazo dos títulos norte-americanos -- que refletem as apostas de curto prazo nos juros -- despencarem. Por outro lado, entre os Treasuries de longo prazo os yields dispararam: o yield do título de 30 anos bateu nos 5,069% às 12h53.

O movimento nos Treasuries refletiu a avaliação de que, com um novo comando no Fed, os juros cairiam no curto prazo, mas isso exigiria taxas mais altas no longo prazo.

Este avanço dos rendimentos de 30 anos nos EUA deu força às taxas dos DIs no Brasil, em especial no trecho longo da curva. Às 12h37, a taxa do vencimento para janeiro de 2033 atingiu a máxima de 14,030%, em alta de 14 pontos-base ante o ajuste.

À tarde Trump disse que não está planejando demitir Powell, mas sua mensagem foi ambígua. Após ter lançado uma nova rodada de críticas contra o chair do Fed, ele se recusou a rejeitar completamente a possibilidade de destituí-lo.

"Não descarto nada, mas acho que é altamente improvável, a menos que ele tenha que sair por fraude", disse Trump, referindo-se às recentes críticas da Casa Branca e de parlamentares republicanos aos custos excessivos da reforma de US$2,5 bilhões da sede histórica do Fed, em Washington. Não houve nenhuma indicação de fraude, e o Fed rebateu as críticas.

A negação de Trump sobre a demissão reduziu o avanço dos rendimentos longos nos EUA, com reflexos também no Brasil. Dois profissionais ouvidos pela Reuters ponderaram, no entanto, que o próprio ambiente interno dava suporte às taxas dos DIs.

“Nos últimos meses, com a queda da popularidade do presidente Lula o mercado havia ampliado as apostas de que algum candidato de direita poderia assumir o país a partir de 2027. Isso contribuiu tanto para a valorização do real quanto para o fechamento da curva de juros”, comentou Luciano Rostagno, estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos.

“Mas com essa tarifação e todo o embate político, as pesquisas indicam que Lula está se beneficiando, e o mercado também está colocando mais prêmios na curva em função disso”, acrescentou Rostagno.

Pesquisa Genial/Quaest divulgada pela manhã -- a primeira após o anúncio de tarifas contra o Brasil -- mostrou que a avaliação negativa do governo ficou em 40%, ante 43% em maio, interrompendo trajetória de alta iniciada em janeiro deste ano. O percentual dos que avaliam o governo positivamente ficou em 28%, ante 26%, e os que o enxergam como regular somaram 28%, mesmo patamar da pesquisa anterior.

Operador ouvido pela Reuters ponderou que notícias de que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), não será candidato à Presidência ajudavam a sustentar as taxas futuras. Candidato preferido do mercado, Tarcísio viu sua posição política ser fragilizada pelo caso das tarifas, inclusive após ataques vindos do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), depois que o governador se reuniu com representante da embaixada dos EUA.

Sob o ponto de vista econômico, apesar das dúvidas sobre o impacto inflacionário da guerra tarifária, a curva brasileira seguia apontando nesta quarta-feira para manutenção da taxa básica Selic em 15% ao ano no fim deste mês: perto do fechamento essa precificação era de 98%.

Na terça-feira -- atualização mais recente -- a precificação das opções de Copom negociadas na B3 (BVMF:B3SA3) indicava 92,00% de chances de manutenção da Selic, contra 5,23% de probabilidade de nova alta de 25 pontos-base este mês.

No exterior, às 16h37 o rendimento do Treasury de dois anos tinha queda de 7 pontos-base, a 3,885%, enquanto o retorno do papel de 30 anos estava estável, a 5,014%.

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