Renovados temores com a China nesta segunda-feira, 25, somam-se à preocupação dos mercados, reforçada na semana passada, de que as taxas de juros em importantes economias ficarão elevadas por um tempo maior do que o imaginado. Neste ambiente, o Ibovespa cede nesta última semana de setembro, seguindo as bolsas internacionais. Com isso, a alta mensal já desacelerou para 0,07% às 10h52. O dólar e os juros sobem por aqui, refletindo a cautela externa com juros e inflação altos, além de atividade fraca em alguns países.
Como a agenda hoje está menos robusta - ganha tração a partir de amanhã -, um eventual declínio talvez seja menos expressivo. Além disso, apesar da instabilidade do petróleo no exterior, as ações da Petrobras (BVMF:PETR4) passaram a subir, atenuando o recuo do Índice Bovespa.
A Superintendência de Relações com Empresas da CVM abriu mais um processo de acusação contra a União relacionado a indicações de profissionais considerados inelegíveis ao conselho de administração da Petrobras. "Em tese a notícia é positiva pois mostra que a Petrobrás está preocupada com a sua governança. A questão é ver se o governo tomará alguma atitude", diz o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.
Na sexta-feira, o Índice Bovespa fechou em baixa 0,12%, aos 116.008,64 pontos, encerrando a semana com recuo de 2,31%, depois de subir na anterior. Segundo o economista Álvaro Bandeira, há risco de o Ibovespa abandonar o suporte dos 114 mil e 115 mil pontos. Se isso acontecer, diz em comentário, pode precipitar mais perdas.
O desempenho deveu-se principalmente a sinais de alguns bancos centrais de que o quadro mundial ainda não comporta recuo dos juros em algumas partes do globo, em meio à resistência da inflação e com algum sinal de esfriamento da atividade. Um dos avisos veio do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) e do Banco da Inglaterra (BoE), por exemplo.
"Foi uma semana bastante ruim para os mercados. A aversão a risco voltou com força depois de decisões de bancos centrais dentro do esperado, mas com comunicados duros", diz o economista Álvaro Bandeira em comentário matinal.
Com exceção das bolsas europeias e do minério de ferro, as americanas tentam alta discreta, bem como o petróleo. A commodity metálica fechou em baixa de 2,03% em Dalian, em meio a renovadas preocupações com a economia chinesa após novas notícias sobre a Evergrande (OTC:EGRNY).
As ações da empresa tombaram quase 22% após anunciar que está impossibilitada de emitir novos títulos devido a uma investigação sobre uma de suas afiliadas. Com isso, seguem preocupações de que a China cresça menos do que os 5% previstos por instituições, o que seria inferior aos 5,5% estimados pelo governo.
"Como a Evergrande não é mais tão representativa, não preocupa tanto em relação à empresa, mas sim ao setor por conta do risco de contágio", diz Bruno Takeo, analista da Ouro Preto Investimentos. "O que vemos nos mercados hoje ainda é continuação da semana passada, não vimos nada para melhorar", completa.
Ao longo da semana, a agenda deve mexer com os mercado. No exterior, saem dados de inflação (Alemanha) e PIB (EUA), por exemplo.
No Brasil, amanhã será divulgação a ata do Copom e sai ainda o IPCA-15 de setembro. Ao mesmo tempo, os investidores monitoram o noticiário sobre o quadro fiscal diante da descrença de que o governo conseguirá cumprir a meta de déficit fiscal zero em 2024.
Ao mesmo tempo em que o enfrenta desaceleração da arrecadação, o governo tem de lidar com pautas-bombas no Congresso que ameaçam aumentar os gastos federais em até R$ 88,5 bilhões.
Às 11h03 o Ibovespa cedia 0,20%, aos 115.772,77 pontos, subir 0,02%, aos 116.008,64 pontos, na máxima, e mínima aos 115.573,35 pontos (-0,38%) e abertura aos 116.008,64 ponto. Vale (BVMF:VALE3) caia 2,53% e Petrobras subia em torno de 0,55%.