Investing.com — Uma escalada nas disputas comerciais entre os EUA e a China ou um aumento nas tensões entre China e Taiwan são os dois principais riscos geopolíticos que "poderiam estourar a bolha da IA," afirmou a Capital Economics em uma nota divulgada na sexta-feira, 11.
Embora as ações de tecnologia tenham superado as expectativas neste ano, há sinais crescentes de que esse rali pode enfraquecer à medida que os riscos geopolíticos se intensificam, especialmente com a aproximação da eleição presidencial dos EUA.
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O relatório destaca dois eventos cruciais para o mercado de ações americano: um possível desacoplamento comercial entre os EUA e a China ou um aumento nas tensões no Estreito de Taiwan.
Ambos os cenários, mesmo sem um conflito completo, "representam um grande risco para a bolha da IA."
Os estrategistas vêm argumentando há algum tempo que o entusiasmo em torno da IA inflou uma bolha no mercado de ações dos EUA, e embora esperem que o hype continue a sustentar os ralis, as avaliações atuais elevadas do setor tornam-no "particularmente vulnerável a qualquer fator que prejudique o sentimento dos investidores."
Uma preocupação central é o papel de Taiwan na cadeia de suprimentos de IA. Empresas taiwanesas respondem por cerca de 90% do mercado de chips avançados e servidores de IA, que impulsionaram o boom de investimentos em IA de grandes empresas de tecnologia como Microsoft (BVMF:MSFT34) (NASDAQ:MSFT), Apple (BVMF:AAPL34) (NASDAQ:AAPL), Alphabet (BVMF:GOGL34) (NASDAQ:GOOGL) e Meta (BVMF:M1TA34) (NASDAQ:META). A Capital Economics alerta que uma interrupção nessa cadeia de suprimentos devido a tensões geopolíticas seria desastrosa para essas empresas.
"A China poderia restringir o fluxo de semicondutores avançados e servidores de IA de Taiwan para os EUA, rompendo assim a 'cadeia de suprimentos do setor'", afirma a nota.
Mesmo sem um conflito total, qualquer interrupção afetaria desproporcionalmente as grandes empresas de tecnologia. Essa vulnerabilidade decorre de sua dependência de Taiwan para suprimentos críticos, sendo que alternativas seriam "caras e/ou impraticáveis."
No que diz respeito ao comércio entre EUA e China, o relatório destaca o risco de uma intensificação das tensões após a eleição presidencial dos EUA de 2024.
Se Donald Trump voltar ao poder, os estrategistas preveem um "aumento expressivo nas tarifas sobre produtos chineses" e um afastamento mais amplo do livre comércio, o que criaria pressões de custo para as empresas de tecnologia.
Mesmo uma administração Harris, que é esperada para manter as atuais políticas de controle de exportação, representa um risco. Os controles de exportação já impactaram grandes empresas de tecnologia dos EUA, com a participação de China e Hong Kong nas vendas da Nvidia (NASDAQ:NVDA) caindo de 28% em 2022 para cerca de 12% agora. Mais restrições poderiam ter um "impacto maior e mais duradouro sobre as ações das empresas de tecnologia dos EUA do que no passado," acrescenta a nota.
Os estrategistas também apontam que os mercados financeiros desconsideraram tensões geopolíticas anteriores, como a escalada nas relações do Estreito de Taiwan em 2022, a guerra Rússia-Ucrânia e o recente conflito entre Israel e Hamas.
No entanto, com a aproximação da eleição de 2024 nos EUA, acreditam que há "uma boa chance de que os investidores fiquem mais preocupados" com a possibilidade de tarifas mais altas e aumento das tensões.