Trump diz que bancos discriminam seus apoiadores e prepara medida

Publicado 05.08.2025, 10:27
Atualizado 05.08.2025, 15:10
© Reuters. Presidente dos EUA, Donald Trump, na Casa Branca, em Washingtonn01/08/2025nREUTERS/Jonathan Ernst

WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira acreditar que os bancos discriminam seus apoiadores, acrescentando que o Bank of America (NYSE:BAC) e o JPMorgan (NYSE:JPM) o discriminaram no passado ao se recusarem a aceitar seus depósitos.

"Eles discriminam totalmente, eu acho, eu talvez até mais, mas eles discriminam muitos conservadores", disse ele à CNBC em uma entrevista. "Acho que a palavra talvez seja apoiadores de Trump mais do que conservadores."

As declarações foram feitas após questionamentos sobre reportagem do Wall Street Journal, que revelou planos de Trump para punir bancos que adotem práticas discriminatórias contra conservadores, sem mencionar diretamente a medida a ser adotada.

Segundo um rascunho da medida obtido pela Reuters, a ideia é instruir reguladores a investigar instituições financeiras por práticas de "desbancarização politizada ou ilegal".

"Bem, eles discriminaram", disse Trump sobre as medidas tomadas pelo JPMorgan Chase após seu primeiro mandato. "Eu tinha centenas de milhões, tinha muitas, muitas contas carregadas de dinheiro ... e eles me disseram: ’Sinto muito, senhor, não podemos aceitar você. Você tem 20 dias para sair.’"

O presidente norte-americano afirmou, sem fornecer provas, acreditar que a recusa dos bancos em aceitar seus depósitos seria uma indicação de que o governo do ex-presidente Joe Biden havia incentivado reguladores bancários a "destruir Trump".

Posteriormente, relatou Trump, ele tentou depositar fundos no Bank of America e também foi recusado. Ele acabou dividindo o dinheiro entre vários bancos menores.

"Os bancos me discriminaram muito", disse.

Em um comunicado, o JPMorgan não abordou a alegação específica do presidente.

"Não fechamos contas por motivos políticos e concordamos com o presidente Trump que a mudança regulatória é extremamente necessária", disse o JPMorgan. "Elogiamos a Casa Branca por abordar essa questão e esperamos trabalhar com eles para resolver o problema."

O Bank of America também não abordou as alegações específicas de Trump na entrevista à CNBC.

Durante o governo do presidente Joe Biden, reguladores poderiam ter questionado os bancos sobre o motivo de manterem relações financeiras com Donald Trump, devido ao chamado "risco reputacional", segundo uma fonte familiarizada com o assunto.

Outra fonte relatou que os bancos estavam sob intensa vigilância e pressão sobre o que era considerado um risco de reputação diante dos emaranhados legais de Trump.

A fonte também acrescentou que, no momento, o JPMorgan mantém um relacionamento bancário antigo com membros da família Trump e que eles também abrigam uma série de contas de campanha relacionadas a Trump.

Após Trump assumir o mandato, o Federal Reserve anunciou, em junho, uma orientação a seus supervisores para não mais considerar o "risco de reputação" nas análises de instituições financeiras, eliminando critério que vinha sendo alvo de críticas por parte do setor bancário. 

O Wall Street Journal noticiou na segunda-feira que o esperado decreto deve instruir os órgãos reguladores a apurar se alguma instituição financeira violou a Lei de Oportunidades Iguais de Crédito, as leis antitruste ou as leis de proteção financeira do consumidor ao deixar de atender clientes por motivos políticos.

Segundo o jornal, o decreto pode ser assinado ainda nesta semana, autorizando penalidades monetárias, decretos de consentimento ou outras medidas disciplinares contra infratores.

A Casa Branca não teceu comentários imediatos sobre o decreto. 

"O que a Casa Branca está fazendo é dizer aos bancos que não se escondam atrás de regulamentos para negar empréstimos ou relacionamentos bancários", disse Mike Mayo, analista bancário do Wells Fargo (NYSE:WFC). "Os bancos podem usar seus padrões normais de subscrição e negar serviços, mas não podem culpar os órgãos reguladores ou usar o risco à reputação como justificativa."

O Bank of America declarou que acolhe os esforços do governo Trump para trazer mais clareza regulatória aos bancos.

"Fornecemos propostas detalhadas e continuaremos a trabalhar com o governo e o Congresso para melhorar a estrutura regulatória", disse o banco.

Em janeiro, Trump afirmou que os CEOs do JPMorgan Chase e do Bank of America negaram serviços aos conservadores. Na época, os dois bancos negaram que tomem decisões bancárias com base em política.

"Essa parece ser uma retórica que provavelmente será esquecida até a hora do almoço", disse David Wagner, diretor de ações da Aptus Capital Advisors. "Não vejo nenhum impacto material sobre os bancos, pois há muitos outros fatores que, em última análise, direcionam o desempenho dos bancos, como a desregulamentação."

As ações do JPMorgan e do Bank of America caíram mais de 1%, em linha com a queda do índice S&P Bank mais amplo.

(Reportagem de Andrea Shalal e Doina Chiacu; reportagem adicional de Pete Schroder, Nupur Anand, Tatiana Bautzer e Saeed Azhar)

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