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Usina de Belo Monte alega perda milionária por restrição em sistema de transmissão

Publicado 04.07.2018, 17:43
© Reuters. Usina de Belo Monte em construção
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Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) - A hidrelétrica de Belo Monte poderá enfrentar anos consecutivos de perdas milionárias de faturamento devido à falta de capacidade do sistema de transmissão para escoar toda a produção da usina, segundo alegações da Norte Energia, que reúne os sócios do empreendimento.

Orçada em mais de 35 bilhões de reais, a usina no Pará não pode gerar a toda carga no período de chuvas do rio Xingu, onde está instalada, principalmente devido a atrasos na construção de projetos de transmissão atribuídos às espanholas Abengoa e Isolux, que não levaram as obras adiante por problemas financeiros, segundo carta da Norte Energia à Aneel.

A empresa, que tem como sócios a estatal Eletrobras (SA:ELET3), as elétricas Neoenergia, Light (SA:LIGT3) e Cemig (SA:CMIG4) e a mineradora Vale (SA:VALE3), além de fundos de pensão, disse ao órgão regulador que a situação "impõe prejuízo de centenas de milhões de reais por ano" e gera "grave ineficiência e destruição de valor" para o empreendimento.

O leilão da concessão para a construção de Belo Monte foi realizado em 2010 e vencido pela Norte Energia após a empresa se comprometer a vender a futura produção a um preço na época de 78 reais por megawatt-hora, um dos mais baixos já vistos em licitações para projetos de energia no Brasil.

A Norte Energia agora alega que esse lance agressivo no leilão só foi possível porque a empresa contava que não teria restrições à produção ou que, se houvessem, seria compensada por isso.

A empresa pede que a Aneel adote instrumentos regulatórios "que assegurem não somente a compensação econômico-financeira" pelas restrições, "como também a prevenção para que não continuem ou se repitam", principalmente porque ela estima que o sistema de transmissão só terá capacidade para escoar a produção da usina sem problemas após 2023.

"Essa grave restrição de transmissão impõe e imporá inúmeros e pesadíssimos ônus a esta Norte Energia, implicando em grave desnaturação das características originalmente estabelecidas para a operação da UHE Belo Monte", escreveu a empresa.

Procurada, a Norte Energia não comentou o conteúdo dos documentos enviados à Aneel. A agência não respondeu um pedido de comentário sobre o caso.

CHUVA VALIOSA

A construção de Belo Monte, que envia energia do Norte para o Sudeste do país, onde se concentra o consumo, partiu do princípio de que a produção seria escoada por três linhas, duas delas em ultra-alta tensão, e por reforços no sistema que seriam realizados por Abengoa e Isolux.

Mas, como as espanholas não concluíram suas obras, há uma limitação não prevista originalmente para a produção da usina, segundo a Norte Energia, o que gera impacto principalmente na época de cheias do Xingu.

A empresa estima que conseguiu despachar apenas 5 mil megawatts no período de chuvas deste ano, contra 7,65 mil megawatts previstos antes.

Mesmo quando o último linhão de transmissão associado a Belo Monte entrar em operação, o que é previsto para dezembro de 2019, a limitação continuaria, e a hidrelétrica poderia entregar um máximo de cerca de 9 gigawatts, contra 11,2 gigawatts de sua capacidade máxima, disse a Norte Energia.

O problema, embora limitado a uma época do ano, é crucial para Belo Monte, uma usina desenhada desde o início para produzir com força total no período de chuvas da região Norte, uma vez que as características da região implicam em uma geração muito baixa no restante do ano.

© Reuters. Usina de Belo Monte em construção

"No segundo semestre, Belo Monte tem uma 'secura' total, tem risco até de não gerar nada. Ela é muito sazonal. Ela tem capacidade de gerar até a potência toda no primeiro semestre e no segundo praticamente não gera nada", disse à Reuters uma fonte com conhecimento da estratégia de Belo Monte.

(Por Luciano Costa)

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